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Manifestantes opositores e governistas voltam às ruas da Venezuela

O protesto governista, com enormes bandeiras nacionais e imagens do herói nacional Simón Bolívar e do presidente Hugo Chávez, foi convocado 'pela paz e contra o fascismo'

Agência France-Presse
postado em 15/02/2014 17:44
O protesto governista, com enormes bandeiras nacionais e imagens do herói nacional Simón Bolívar e do presidente Hugo Chávez, foi convocado 'pela paz e contra o fascismo'

Caracas
- Manifestantes opositores e partidários do governo se reuniram neste sábado em diferentes praças de Caracas e de outras cidades venezuelanas no 12; dia de protestos, que deixaram três mortos em distúrbios registrados na quarta-feira.

Cerca de três mil opositores, muitos vestidos de branco e com bandeiras da Venezuela, estudantes em sua maioria, protestaram em Las Mercedes, uma zona comercial de luxo do leste de Caracas. A praça e as avenidas próximas ficaram lotadas.

"Antes não saíamos às ruas por causa da insegurança. Agora, saímos para protestar e nos matam. Os jovens não têm fé, nem esperança. Não podemos conseguir um trabalho e, se temos um, não dá para ter uma vida digna", disse à AFP Issac Castillo, de 27 anos, da Universidade Andrés Bello.

No centro de Caracas, milhares de simpatizantes do governo, em sua maioria vestidos de vermelho, também ganharam várias praças ao ritmo de tambores, enquanto alguns dançavam, e outros faziam exercícios aeróbicos.



[SAIBAMAIS]O protesto governista, com enormes bandeiras nacionais e imagens do herói nacional Simón Bolívar e do presidente Hugo Chávez, foi convocado "pela paz e contra o fascismo".

O presidente Nicolás Maduro denunciou que os protestos opositores constituem um "golpe de Estado em desenvolvimento" contra seu governo, alegando que usou a força policial para impedir manifestações que não estejam autorizadas, assim como bloqueios das ruas.

Desde o começo de fevereiro, Caracas e outras cidades da Venezuela são cenário de protestos de estudantes e de opositores do governo para denunciar a insegurança, a inflação e a escassez de produtos no país.

Na quarta-feira, Dia da Juventude, aconteceram as maiores mobilizações, mas após os protestos, desencadearam-se confrontos de rua que deixaram três mortos, mais de 60 feridos e pelo menos 100 detidos.

A sombra de Alvaro Uribe

Maduro é o principal orador em um ato na avenida Bolívar. Diante da multidão, Maduro voltou a acusar a "ultradireita" opositora de promover a violência e um "golpe de Estado" para derrubá-lo.

O presidente justificou a decisão de tirar do ar, na quarta-feira, o canal colombiano NTN24 com o argumento de que, por trás dele, está a mão do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe. O NTN24 foi a única emissora a transmitir a marcha estudantil na íntegra.

Na noite de sexta-feira, manifestantes foram dispersados por guardas nacionais com bombas de gás lacrimogêneo e jatos d;água, depois de bloquearem duas movimentadas avenidas.

Nessa mesma hora, o presidente anunciava um plano de pacificação contra a violência na Venezuela, que inclui o desarmamento da população, uma maior vigilância policial e "normas claras para a televisão".

A oposição responsabiliza o governo pela violência da última quarta-feira e exige o desarmamento dos "grupos ilegais armados" do chavismo, os chamados "colectivos", após denúncias sobre a presença de seus integrantes, com armas de fogo, nas passeatas dos estudantes.

Depois dos incidentes, a Justiça venezuelana ordenou a detenção do líder do Vontade Popular, Leopoldo López, sob acusações de assassinato, entre outras.

"As forças de segurança do Estado estão procurando por ele", afirmou Maduro, em seu discurso.

López é um dos três dirigentes que promovem a ocupação das ruas sob o slogan "A saída", em oposição ao governo. O método divide a oposição, gerando reservas entre os dirigentes da Mesa de Unidade Democrática (MUD), incluindo o líder Henrique Capriles.

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