Agência France-Presse
postado em 16/02/2014 11:01
Cairo - Uma bomba lançada contra um ônibus que transportava turistas sul-coreanos próximos à fronteira do Egito com Israel neste domingo (16/2), matou três turistas e um motorista egípcio, segundo autoridades locais.
Foi o primeiro ataque a turistas desde a saída do presidente islamita Mohamed Mursi em julho, que desencadeou confrontos e uma onda de ataques pelo país.
A bomba explodiu na parte da frente do ônibus na fronteira de Taba, na passagem para Israel, Sinai do Sul, disse o ministro do Interior.
O governador de Sinai do Sul, Khaled Fouda, disse à AFP que três mortos eram sul-coreanos e o motorista era egípcio. Ele afirmou também que 13 pessoas ficaram feridas no ataque.
Em Seul, o ministro das Relações Exteriores sul-coreano confirmou a morte de dois sul-coreanos, afirmando que eles eram membros de uma igreja cristã em um tour.
Um médico que aguardava um ônibus em um local próximo presenciou a explosão.
"Havia pedaços de corpos e cadáveres. Eu vi o cadáver de um homem que parecia ser coreano, sem uma perna", disse Ahmed Ali, que possui uma clínica na vizinhança.
A explosão atingiu a frente do ônibus e arrancou partes do teto.
O ministro do Interior disse em um comunicado que os turistas vinham do Cairo e estavam esperando para entrar em Israel quando a explosão aconteceu.
O ataque provavelmente prejudicará ainda mais o abalado setor de turismo no Egito.
"O terrorismo não tem religião. A polícia e o exército estão trabalhando para eliminá-lo", disse Fouda.
Um porta-voz da Autoridade de Aeroportos de Israel, que é responsável pela segurança na fronteira, disse à AFP que a fronteira de Taba foi fechada após o incidente.
Nenhum grupo assumiu imediatamente a responsabilidade pelo ataque.
- Turismo duramente atingido -
Vários policiais egípcios e soldados foram mortos em bombardeios no Sinai e no Delta do Nilo, mas o ataque de domingo foi o primeiro a ter turistas como alvo desde a derrubada de Mursi.
O conflito desde o último verão abalou seriamente o turismo, um sobrevivente vital em um país que tem sido alvo, esporadicamente, de militantes ao longo das últimas duas décadas.
A agência de estatísticas do governo disse que o número de turistas caiu em dezembro de 2013 em quase 31% comparado com o mesmo mês de 2012.
O ataque deste domingo acontece enquanto Cairo começou a julgar Mursi e 35 co-réus por acusações de espionagem e conluio com militares para lançar ataques ao Egito.
O governo militar instalado acusou a Irmandade Muçulmana de Mursi de planejar os ataques que também tiveram como alvo os quartéis-generais do Cairo.
A Irmandade, agora designada como um grupo terrorista, nega envolvimento nos bombardeios.
Os ataques mais mortais foram reivindicados pelo grupo com sede em Sinai, Ansar Beit al-Maqdis, cuja liderança emerge de militantes beduínos que querem um estado islamita na península.
O grupo também assumiu a responsabilidade por derrubar um helicóptero militar no Sinai no dia 25 de janeiro usando um míssil com sensor de calor.
O ataque despertou preocupações que militantes possam usar essas armas para atingir de voos comerciais a resorts no sul do Sinai.
Entre 2004 e 2006, egípcios e turistas estrangeiros foram mortos em uma onda de atentados a resorts em Sinai do Sul.
Em 1997, militantes islamitas mataram dúzias de turistas em um templo faraônico na cidade de Luxor.
No Cairo, em 2009, um turista francês foi morto em um bombardeio no histórico bazar Khan al-Khalil. Na ocasião, a polícia culpou militantes palestinos da vizinha Faixa de Gaza pelo ataque.