Agência France-Presse
postado em 18/02/2014 16:24
Havana - A Aldeia Taína de Guamá, um centro turístico-cultural situado em uma ilha dentro de uma lagoa de Cuba, está ameaçada de afundar caso não sejam realizados trabalhos urgentes de restauração, revelou nesta terça-feira a TV local.A ilha artificial foi construída em 1964 no meio da Lagoa do Tesouro, 150 km a sudeste de Havana, e nela se reproduz a vida cotidiana de uma aldeia taína - uma das comunidades aborígines de Cuba na chegada dos espanhóis, há cinco séculos -, mediante umas 20 estátuas de Rita Longa (1912-2000), principal escultora cubana do século XX.
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"Se não tentarmos recuperar (a ilha), com os anos vai desaparecer porque a lagoa está sendo consumida", declarou à televisão o escultor Urbano Bouza, que foi ajudante de Longa.
O projeto da aldeia, que também tem um hotel que recebe milhares de turistas todos os anos, foi lançado pelo ex-presidente Fidel Castro e Longa, mas há 25 anos não são feitos trabalhos de restauração na ilha, segundo a TV.
"Até agora temos conseguido conservação das estátuas, mas não tem sido possível o aterro da Aldeia Taína. Hoje em Guamá não estão a grua, a draga e a brigada de manutenção" que faziam estes trabalhos, disse à televisão Nadiesda Santamaría, diretora do parque turístico.
[SAIBAMAIS]Uma das estátuas, que representa uma mulher fazendo tarefas domésticas nas margens da água, foi resgatada mais de uma vez depois de ficar submersa com o afundamento da ilha e a erosão de sua costa, segundo o informante.
Os taínos eram o povo indígena mais desenvolvido de Cuba dos três existentes na chegada dos espanhóis e foram exterminados em poucos anos pelos conquistadores e devido a doenças trazidas do Velho Mundo, além de suicídios coletivos para evitar a escravidão.
O parque Guamá, na Ciénaga de Zapata, constitui um dos sítios mais visitados pelos 2,8 milhões de turistas estrangeiros que anualmente chegam a Cuba. O local fica muito perto da Baía dos Porcos.
"Independentemente da situação econômica do país neste momento, é preciso procurar uma solução, pois é o processo (de erosão) é irreversível e vamos perdê-la", disse o vice-diretor do parque, Luis Betancourt, à emissora.
O turismo, que aporta mais de 2,5 bilhões de dólares anuais, é a segunda fonte de renda de Cuba, depois da exportação de serviços profissionais, sobretudo médicos, cujo aporte beira os 9 bilhões de dólares.