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Morre miss baleada em manifestação contra o governo na Venezuela

Ela tinha sido internada em uma clínica particular com um ferimento na cabeça causado por um tiro e chegou a ser submetida a uma cirurgia de urgência

[SAIBAMAIS]Na terça, um ato de estudantes opositores em Valencia terminou em distúrbios, que, segundo a imprensa local, deixaram pelo menos oito feridos a tiros, entre eles Carmona, depois de um ataque praticado por um grupo de homens armados.

Com a morte da miss, sobe para quatro o número de mortos nos protestos que sacodem a Venezuela há duas semanas. Na quarta-feira passada, uma manifestação de estudantes opositores no centro de Caracas registrou confrontos que causaram três mortes e deixaram vários feridos.

A notícia foi divulgada no momento em que dezenas de opositores e universitários estavam reunidos diante do tribunal de Caracas, onde o líder oposicionista Leopoldo López deve ser apresentado. López é um dos líderes da ala radical da coalizão antichavista Mesa da Unidade Democrática (MUD).

A sede judicial estava cercada pelas forças de segurança, que impediam a passagem de veículos em várias vias de acesso, enquanto os manifestantes gritavam palavras de ordem a favor do jovem líder da Vontade Popular, constataram jornalistas da AFP no local.

López, classificado como ultradireitista, apareceu na terça-feira em um ato da oposição convocado por ele mesmo e se entregou à polícia. Ele era procurado pelas autoridades, acusado pelos homicídios ocorridos durante confrontos nas manifestações estudantis.

A procuradora-geral disse que é preciso "esperar o fim da audiência para saber onde ficará recluso, se é que ficará recluso". Para alguns especialistas, a detenção de López deixa o governo em uma situação complicada.

O cientista político Ángel Oropeza, professor da Universidade Simón Bolívar, acredita que López "possivelmente ficará detido por alguns dias." "Se for libertado rapidamente, será um sinal de fraqueza. Mas se for mantido em detenção por muito tempo, poderão estimular ainda mais os protestos da oposição e sofrerão muito mais pressão internacional", explicou.

A onda de manifestações na Venezuela começou há duas semanas, com protestos de universitários em San Cristóbal (fronteira com a Colômbia) contra a insegurança. As manifestações ganharam força e se estenderam para todo o país, incorporando protestos contra a inflação, o desabastecimento e as detenções de estudantes.