Agência France-Presse
postado em 24/02/2014 18:34
A sete meses do referendo sobre a independência da Escócia, um relatório publicado nesta segunda-feira (24/2) destacou a necessidade de empreender reformas ambiciosas para melhorar a produção de petróleo no mar do Norte, ganhe quem ganhar.A vertente britânica do mar do Norte forneceu, até agora, cerca de 42 bilhões de barris equivalentes de petróleo (bep, uma unidade de volume que serve para gás e petróleo e que equivale à mesma energia que proporciona um barril de petróleo) e estima-se que "ainda poderiam ser extraídos entre 12 e 24 bilhões", afirma Sir Ian Wood, autor deste relatório encomendado pelo governo britânico em junho de 2013.
A cifra final dependerá "em grande parte, do modo pelo qual o Reino Unido gerir o desenvolvimento global de seus recursos restantes", afirmou Wood, um magnata escocês do petróleo, fundador da empresa que leva seu nome.
Para conseguir extrair o máximo de barris, o texto faz uma série de recomendações. A principal é a criação de um ente regulador "independente, mais forte, mais experiente, mais rigoroso e com mais poderes". O atual ente regulador é o Departamento de Energia e Mudanças Climáticas.
"Deve ter a capacidade de facilitar e suscitar uma maior colaboração entre os operadores da prospecção, a gestão dos campos de hidrocarbonetos e as infraestruturas, para proporcionar mais receitas ao Reino Unido e mais resultados para as companhias com licenças" de exploração, propõe.
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Suas recomendações representam uma "oportunidade decisiva" de "estender a vida da UKCS (a plataforma continental do Reino Unido no mar do Norte)" e para "aportar 200 bilhões de libras (332 bilhões de dólares) suplementares à economia britânica" nos próximos 20 anos, disse o autor.
"Há um grande prêmio em jogo e acredito que o governo tem que aplicar as principais recomendações, entre elas a criação de um novo ente regulador, o mais rapidamente possível", sentenciou.
Se não, avisou, o setor poderia continuar com o declínio observado nos últimos anos: a produção da UKCS caiu 38% entre 2010 e 2013, o que significou que o Tesouro britânico deixou de receber em impostos cerca de 6 bilhões de libras (quase 10 bilhões de dólares).
A exploração da UKCS está bem avançada e enfrenta "descobertas cada vez menores e mais caras de explorar" e "infraestruturas envelhecidas", detalha o relatório.
A divisão da riqueza de petróleo seria um dos temas polêmicos de uma serparação Reino Unido-Escócia se ganhar o "sim" no referendo de independência escocês de 18 de setembro.
O governo britânico realizou nesta segunda-feira seu conselho de ministros em Aberdeen (nordeste da Escócia), no coração da indústria de petróleo escocês, e o premier David Cameron disse que a Escócia precisa do apoio de um país forte como o Reino Unido para continuar explorando as reservas.
"Os ombros largos do Reino Unido dão estabilidade à indústria para investir" no mar do Norte, disse o primeiro-ministro no twitter.
O chefe do governo regional escocês, o nacionalista Alex Salmond, respondeu: "o problema de lançar essa mensagem de Aberdeen é que tudo o que é preciso fazer é olhar para o outro lado do mar do Norte para ver a Noruega, um país que geriu seus recursos em gás e petróleo muito melhor, não só para lucro das empresas (...), mas também das pessoas".
O setor de petróleo britânico é o principal investidor industrial do país e investiu 317 bilhões de libras (526 bilhões de dólares) desde que começou a produção no mar do Norte, há 40 anos. Emprega 450.000 pessoas e responde por 15% dos impostos coletados em 2012-2013.