Agência France-Presse
postado em 25/02/2014 10:07
Seul - A Coreia do Sul quer dar um novo impulso ao projeto de reunificação com o Norte aproveitando o clima de distensão na península, apesar dos atuais exercícios militares conjuntos com os Estados Unidos, criticados por Pyongyang.Em um discurso transmitido pela televisão, a presidente sul-coreana, Park Geun-Hye, anunciou nesta terça-feira a criação de um comitê sob sua autoridade que estará encarregado de elaborar "estratégias sistemáticas e construtivas" visando a reunificação de ambas as Coreias.
Este comitê de especialistas em diversos temas deverá se esforçar para promover o diálogo e os intercâmbios intercoreanos com o objetivo de alcançar a reunificação, embora Seul e Pyongyang ainda não tenham assinado um tratado de paz depois do armistício de 1953. "É necessário preparar a reunificação, que abrirá uma nova era na península" coreana, declarou Park em um discurso pronunciado por ocasião do primeiro aniversário de seu mandato presidencial.
A reunificação é, há muito tempo, um objetivo solene em ambos os lados da fronteira, mas a opinião pública sul-coreana cada vez mais reticente, devido ao abismo econômico que separa os dois Estados.
A Coreia do Sul é a quarta economia asiática e seu PIB representa 40 vezes o da Coreia do Norte.
Segundo os especialistas, a instauração de um comitê ad hoc, que se soma ao já existente ministério sul-coreano da Reunificação, significa que Park espera "despertar o interesse debilitado da opinião" pública por este objetivo.
Reunião familiar após 60 anos de separação
A criação deste comitê coincide com uma aproximação recente entre as duas Coreias, apesar do início na segunda-feira das manobras militares anuais entre os exércitos de Estados Unidos e Coreia do Sul, denunciadas pelo Norte como um exercício com o objetivo de invadir o país.
O regime norte-coreano, dirigido desde o fim de 2011 pelo jovem Kim Jong-Un, sucessor de seu pai Kim Jong-Il e de seu avô Kim Il-Sung, se endureceu brutalmente um ano depois.
Desde dezembro de 2012, a Coreia do Norte realizou um disparo experimental de foguete (segundo o governo dos Estados Unidos foi um míssil balístico) e um teste nuclear, fechou unilateralmente um complexo industrial intercoreano e prosseguiu com o desenvolvimento de sua principal usina de testes atômicos.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas votou uma série de sanções contra a Coreia do Norte, aprovadas inclusive pela China, aliada de Pyongyang.
Desde então, Pyongyang deu uma nova guinada e abriu novamente o complexo industrial de Kaesong, aceitando também a retomada das reuniões de famílias separadas pela guerra há seis décadas.
Nesta terça-feira, 350 sul-coreanos voltaram ao seu país depois de terem se reunido por algumas horas - e, em muitos casos, pela última vez, devido a sua idade avançada - com 88 familiares norte-coreanos.
Uma reunião anterior, organizada na estação montanhosa de Kumgang, no território norte-coreano, havia reunido dezenas de pessoas entre quinta-feira e sábado.
Os primeiros encontros ocorreram em 1985, mas depois foram suspensos por 15 anos. Em 2010, foram interrompidos depois que a Coreia do Norte bombardeou uma ilha sul-coreana.
O regime norte-coreano também tenta reativar as negociações com o grupo dos Seis países (as duas Coreias, Rússia, Japão, China e Estados Unidos), nas quais pede ajuda econômica internacional em troca de uma suspensão de seu programa nuclear.