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Confrontos na Esplanada das Mesquitas antedecedem debate no parlamento

Dois policiais sofreram ferimentos devido às pedradas, e três manifestantes foram presos

Agência France-Presse
postado em 25/02/2014 12:58

Jerusalém - Manifestantes palestinos e policiais israelenses se enfrentaram nesta terça-feira (25) na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém antes de um debate no Parlamento israelense sobre a soberania deste local sagrado tanto para o islã quanto para o judaísmo. "

Nossas forças entraram no local e utilizaram meios de dispersão de manifestantes depois que os palestinos lançaram pedras e paus contra os visitantes" neste setor, chamado de Monte do Templo pelos judeus, localizado na Cidade Velha de Jerusalém, declarou à AFP o porta-voz da polícia israelense, Micky Rosenfeld.

Dois policiais sofreram ferimentos devido às pedradas, e três manifestantes foram presos, indicou a polícia. "Pouco depois das 07h30, os policiais entraram em Al-Aqsa disparando bombas de efeito moral e jovens (palestinos) lançavam pedras contra eles", declarou à AFP o diretor do Waqf, O Gabinete de Bens Religiosos Muçulmanos, o xeque Azam Khatib.

"Desde ontem nós pedimos o fechamento da Porta dos Magrebinos (que leva à Esplanada das Mesquitas), devido às provocações e às declarações antimuçulmanas por parte de vários partidos de extrema-direita (israeleneses)", afirmou Khatib.

"Nós esperamos ver o que acontecerá no Knesset (Parlamento unicameral israelense) hoje", acrescentou o diretor do Waqf, informando que a Jordânia, guardiã dos locais santos muçulmanos de Jerusalém, estava "em contato com Israel para impedir qualquer iniciativa que abale o status da Al-Aqsa".

O porta-voz da polícia israelense declarou que "uma viva tensão" reinava antes da discussão prevista no Knesset sobre um projeto de anexação da Esplanada das Mesquitas apresentado por um deputado de extrema-direita. "As forças policiais permanecem mobilizadas no Monte do Templo e estão dispostas a enfrentar" qualquer nova manifestação, acrescentou Rosenfeld.

O Parlamento discutirá um projeto de lei do deputado Moshe Feiglin, membro do setor mais radical do Likud (direita nacionalista), o partido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

O texto prevê "a aplicação da soberania israelense" na Esplanada das Mesquitas, o terceiro lugar santo do Islã, onde se encontram a Cúpula da Rocha e a Mesquita Al-Aqsa. Não está prevista nenhuma votação após o debate.

Netanyahu anunciou que se opõe energicamente a esta iniciativa, que, segundo os analistas, não tem nenhuma chance de ter êxito por falta de apoio suficiente.

O primeiro-ministro israelense teme que o debate provoque a ira da Jordânia, do Egito e dos palestinos, num momento em que os Estados Unidos se esforçam para alcançar um acordo de paz no Oriente Médio.

Em Amã, a oposição islamita jordaniana pediu nesta terça-feira o congelamento, e inclusive o abandono, do tratado de paz de 1994 com Israel, devido à tensão em relação à Esplanada. O reino hachemita é o segundo país árabe depois do Egito a assinar um tratado de paz com o Estado hebreu.

A Esplanada das Mesquitas, que os muçulmanos chamam de "Nobre Santuário" (Haram al-Sharif) e os judeus de "Monte do Templo", referindo-se ao segundo Templo judeu destruído pelo Império Romano no ano 70, é uma fonte de tensões quase diárias entre as duas comunidades.

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