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Chefe espanhol comemora recuperação econômica, apesar do desemprego

"Posso antecipar que o crescimento previsto do Produto Interno Bruto em termos reais será revisado em alta",

Agência France-Presse
postado em 25/02/2014 16:15
Madri - O chefe do governo espanhol, o conservador Mariano Rajoy, se mostrou satisfeito nesta terça-feira (25/2) com a recuperação da economia, revisando para cima seu crescimento para 2014 que será de 1% e de 1,5% em 2015, apesar de admitir que o desemprego impede o "triunfalismo".

"Posso antecipar que o crescimento previsto do Produto Interno Bruto em termos reais será revisado em alta. A previsão é que alcancemos um crescimento de 1% para o ano de 2014, e de 1,5% no ano 2015", frente a 0,7% atualmente previsto para este ano, declarou na abertura do debate sobre o Estado da Nação.

[SAIBAMAIS]Para Rajoy, a "Espanha antes era um peso para a Europa e hoje é vista como parte do motor". Ele citou a melhora dos indicadores econômicos, entre eles, "um recorde histórico em matéria de exportações e de turismo".

Os juros da dívida, que tinham alcançado em 2012 cifras recorde e tinham colocado a Espanha à beira do resgate econômico, voltaram a níveis baixos, continuou.

"A possibilidade do resgate, o abandono do euro, a desconfiança, são palavras que já não tem sentido nem sequer mencioná-las", afirmou.

Esta melhora deveria também se traduzir em 2014 em uma "criação líquida de emprego". "A um ritmo ainda moderado neste ano, sim, mas que se acentuará de forma mais intensa em 2015", afirmou.

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Contudo, reconheceu que "não cabe o menor triunfalismo nem cair na autocomplacência" com uma taxa de desemprego de mais de 26%, que afeta um em cada dois jovens.

Para estimular o emprego, o chefe do governo anunciou uma redução dos impostos com uma taxa de 100 euros por mês durante os dois primeiros anos para novos contratos de pelo menos três anos.

"Isso significa, por exemplo, para um salário bruto ao ano de 20.000 euros, cuja quantia de impostos à previdência social é de 5.700 euros, em cada novo emprego criado, a empresa depositaria apenas 1.200 euros, ou seja, neste caso concreto estaríamos falando de uma queda nas contribuições sociais de 75%", explicou.

Alguns desequilíbrios serão mantidos


Em matéria fiscal, anunciou uma das medidas contidas em uma próxima reforma que aliviará a carga fiscal para 12 milhões de contribuintes: a supressão, a partir de 2015, do imposto sobre a renda para aqueles que ganharem menos de 12 mil euros anuais.

A oposição socialista denunciou um "discurso irresponsável, claramente alheio à realidade", no qual a palavra "desigualdade" esteve completamente ausente.

Os socialistas consideraram que a redução das contribuições sociais para os contratos de trabalho de pelo menos três anos não poderão contra-atacar os efeitos da austeridade e a reforma trabalhista que "destruiu diretamente o emprego fixo e estável".

No poder desde o final de 2011, o executivo de Rajoy impôs, sob pressão de seus sócios europeus, uma dura política de austeridade para economizar 150 bilhões de euros antes do final de 2014 e sanear as finanças do país.

Após um ano de 2012 marcado pelas tensões nos mercados e um resgate europeu de 41,3 bilhões de euros para seus bancos, a Espanha se beneficia há meses de certa calma.

Sua economia saiu, além disso, de dois anos de recessão no terceiro trimestre do ano passado. Um sinal da melhora é que a agência Moody;s elevou, no dia 21 de fevereiro, em um nível a nota do país a Baa2, e pode voltar a aumentá-la a médio prazo.

Contudo, embora a Comissão Europeia também tenha melhorado, nesta terça-feira, suas previsões de crescimento para a Espanha, a 1% em 2014 (frente a 0,5%), e a 1,7% para 2015, continuam existindo desequilíbrios.

Bruxelas prevê uma taxa de desemprego de 25,7% em 2014 (frente a 26,4%) e uma redução do déficit a 5,8% do PIB (frente a 5,9%), ou seja, ainda acima do limite europeu de 3%.

Mesmo revisada para baixo, a dívida pública, segundo as previsões da Comissão, deve alcançar 98,9% em 2014 e 103,3% em 2015, muito acima do limite europeu de 60%.

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