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Combates entre rebeldes e jihadistas matam 3,3 mil na Síria desde janeiro

Um balanço recente indica que 140 mil pessoas morreram na Síria nos quase três anos de conflito. Milhões de sírios fugiram de suas casas

Agência France-Presse
postado em 26/02/2014 13:08
Equipes de Defesa Civil da Síria buscam sobreviventes após ataque aéreo em Aleppo
Beirute
- Os combates, atentados com carros-bomba e execuções causaram a morte de 3,3 mil pessoas na Síria desde o início dos confrontos entres os rebeldes e o jihadistas do Estado Islâmico no Iraque e Levante (EIIL), indicou uma ONG.

"Quase 3,3 mil pessoas morreram desde o início dos combates, em 3 de janeiro, entre combatentes do EIIL e rebeldes islâmicos e de outros grupos", afirmou nesta quarta-feira o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

O balanço da organização registra 924 mortos entre integrantes do EIIL, 1.380 da coalizão que reúne rebeldes e islamitas, 281 civis e mais de 700 mortos que não tiveram o lado identificado. Outros 29 corpos, de pessoas possivelmente executadas, foram encontrados em áreas controladas pelo EIIL.

[SAIBAMAIS]Os rebeldes, que receberam em um primeiro momento os jihadistas com os braços abertos, se viram afetados pelos abusos atribuídos ao EIIL e por sua vontade de hegemonia. Desde o início de janeiro, as duas facções se enfrentam nas áreas controladas pela rebelião no norte da Síria.

Os civis foram vitimados em grande parte em bombardeios ou por tiros, assim como em atos de execução. Vinte e um civis morreram com tiros na cabeça em um antigo hospital pediátrico de Aleppo transformado em prisão pelos membros do EIIL.


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Na terça-feira, o ramo da Al-Qaeda na Síria, a Frente al-Nosra, deu um ultimato de cinco dias ao EIIL para resolver o conflito ante um tribunal religioso e acabar com dois meses de violência. A advertência foi enviada e este grupo rebelde, o mais radical na Síria, dois dias após a morte do comandante de uma brigada islâmica, Abu Khaled al- Suri, que era um amigo do líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahari.
Multidão aguarda a distribuição de alimentos por agência da ONU. Moradores são do bairro al-Yarmouk, transformado em campo de refugiados no sul de Damasco. Guerra civil, há oito meses, deixa população encurralada no local

Os rebeldes acusam o EIIL de tê-lo assassinado e o líder da al-Nosra, Abu Mohammad al-Jolani, anunciou que combateria este grupo na Síria ou ni Iraque, caso recusasse a arbitragem religiosa.

Ainda que a al-Nosra e o EIIL sejam ramificações da Al-Qaeda no Iraque, sua relações se deterioraram nas últimas semanas com intensos combates entre os rebeldes.

Segundo um especialista em movimentos salafistas e jihadistas, Romain Caillet, os sites jihadistas anunciaram que o porta-voz do EIIL, Abu Muhammad al-Adnani, deverá responder "nos próximos dias" a esta oferta.

O EIIL controla regiões estratégicas da Síria, como Raqa, a única capital provincial que não está nas mãos do regime, e de postos fronteiriços com a Turquia, como em Tell Abyad, Jarablus e Azzaz, e localidades nas províncias do nordeste de Hassaké e Deir Ezzor.

Nesta quarta, mais de 175 rebeldes morreram em uma emboscada do exército sírio perto de Damasco, anunciou a agência oficial Sana. Segundo a notícia, o exército localizou os ;terroristas da Frente Al Nosra (jihadistas) e do Liwa al Islam (islamitas) perto de Damasco e lançou um ataque que deixou 175 mortos e inúmeros feridos nas fileiras insurgentes.

O confronto, um dos mais letais dos últimos meses neste país mergulhado há três anos em uma guerra civil, aconteceu na zona de Ghouta Oriental, um reduto rebelde da periferia da capital, onde um ataque químico matou centenas de pessoas em agosto de 2013.

O Observatório Sírios de Direitos Humanos (OSDH), que trabalha com uma rede de contatos dentro da Síria, confirmou o incidente. Uma fonte das forças de segurança afirmou que a maioria dos combatentes mortos eram jordanianos ou sauditas, e que entraram na Síria pela Jordânia poucas horas antes.

Um balanço recente do OSDH indica que 140.000 pessoas morreram na Síria nos quase três anos de conflito. Milhões de sírios fugiram de suas casas.

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