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Nicolás Maduro abre diálogo nacional em resposta a semanas de agitação

Os protestos estudantis iniciados há três semanas, aos quais posteriormente se somaram setores da oposição, deram descanso

Agência France-Presse
postado em 26/02/2014 13:58
Caracas - O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, abrirá nesta quarta-feira (26/2) um diálogo nacional após semanas de protestos que deixaram 14 mortos, classificado como uma encenação pelo principal opositor, Henrique Capriles, que faltará ao evento.

As manifestações na Venezuela já deixaram 14 mortos
Enquanto camponeses governistas e mulheres opositoras se concentram para cruzar com suas manifestações uma Caracas em tensão, Capriles, em declarações por rádio, desqualificou o diálogo - que contará com a presença de bispos e empresários - convocado pelo presidente para a tarde desta quarta-feira, antes do início de uma semana completa de dias festivos.

O governo "não tem a intenção de desarmar nada", declarou em relação às denúncias de grupos paramilitares governistas, e por isso ele não será "parte de uma encenação, o que queremos é avançar. (...) O governo fala de diálogo, fala de paz, mas não pode ser um apelo vazio. (...) Não se trata de ir ao Palácio de Miraflores e tirar uma foto", afirmou Capriles.

Já a Mesa de Unidade Democrática (MUD), que reúne a oposição, deve se reunir antes do encontro para fixar uma posição. Os protestos estudantis iniciados há três semanas, aos quais posteriormente se somaram setores da oposição, deram na terça-feira e na madrugada desta quarta-feira um descanso para uma população cansada de marchas, protestos, distúrbios e longas mensagens oficiais em cadeia nacional.



[SAIBAMAIS]Maduro, herdeiro político de Hugo Chávez, criador do chamado "socialismo do século XXI", já recebeu confirmação da presença do episcopado católico e do Fedecámaras, o sindicato empresarial. O Fedecámaras é um dos habituais demônios citados pelos governos chavistas, que o acusam de estar em todas as tentativas de golpe - as comprovadas e as denunciadas - dos últimos anos.

A cúpula da Igreja também gera reticências em um governo que, embora declamado socialista, evoca regularmente Deus e a Virgem. A participação do episcopado foi precedida por um chamado do papa Francisco para "que parem o quanto antes com os episódios de violência e as hostilidades e que todo o povo venezuelano, começando pelas autoridades políticas e institucionais, se mobilizem para favorecer a reconciliação nacional".

O papa Francisco, por sua vez, fez nesta quarta-feira na praça de São Pedro um apelo aos líderes políticos e ao povo venezuelano, em sua maioria católicos, para que predominem "o perdão recíproco e um diálogo sincero". "Eu espero vivamente que cessem o mais rápido possível as violências e as hostilidades e que todo o povo venezuelano, começando pelos líderes políticos e institucionais, se mobilize para favorecer a reconciliação nacional", completou o papa argentino durante a audiência geral.

Este foi um pedido particularmente longo, em comparação com os apelos habituais do pontífice sobre outros conflitos. O primeiro papa latino-americano procura falar pouco sobre as questões de seu continente, atento ao papel de pastor universal.

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