Agência France-Presse
postado em 26/02/2014 17:09
Kiev - A Crimeia, uma república autônoma de língua russa do sul da Ucrânia, é uma península que separa o Mar Negro do Mar de Azov.A região está mergulhada atualmente em tensões separatistas que se intensificaram com a destituição do presidente ucraniano Viktor Yanukovytch, na semana passada.
Confrontos foram registrados nesta quarta-feira entre manifestantes pró-russos e partidários das novas autoridades do país em Simferopol, capital da Crimeia, onde o presidente do Parlamento local descartou qualquer debate sobre uma eventual separação.
Mais de 5 mil pessoas se reuniram diante do Parlamento da Crimeia, com tártaros de um lado, em maior número, e pró-russos do outro. Os tártaros, membros de uma comunidade local de tradição muçulmana, carregavam bandeiras ucranianas e gritavam "Ucrânia, Ucrânia".
Presentes desde o século XIII nesta região, foram deportados para Sibéria e Ásia central por Stalin, e retornaram após a queda da União Soviética em 1991. Eles constituem 12% dos 2 milhões de habitantes da península de maioria russa.
Esta comunidade apoiou ativamente a contestação contra Yanukovytch que levou à queda do ex-presidente. Península de cerca de 27 mil km2, a Crimeia, tomada dos turcos pela imperatriz Catarina II da Rússia, foi integrada ao império russo em 1783.
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A Crimeia é ligada ao restante da Ucrânia pelo istmo de Perekop, de 7 km de extensão. A península foi incorporada por Nikita Khruschev à Ucrânia soviética em 1954. Depois do fim da URSS, a Crimeia se tornou, em 1992, uma república autônoma da Ucrânia.
Ainda hoje, a Crimeia continua a abrigar a frota russa, do Mar Negro a Sebastopol, importante cidade e um dos maiores portos do país. Essa base é estrategicamente importante para a Rússia porque leva ao Mediterrâneo.
Desde o fim da União Soviética, em 1991, a questão da frota russa envenena as relações entre Kiev e Moscou. A Ucrânia independente reivindica uma parte da antiga frota soviética do Mar Negro.
Em 2010, após anos de disputa, os parlamentos ucraniano e russo assinaram um acordo sobre a prorrogação por 25 anos - até 2042 - da presença da frota russa na região, em troca de uma redução de 30% no preço do gás russo exportado para a Ucrânia.