Bangcoc - A primeira-ministra tailandesa, Yingluck Shinawatra, que enfrenta pedidos de renúncia em protestos da oposição nas ruas há quatro meses, não compareceu nesta quinta-feira (27/2) a uma audiência da Comissão Nacional AntiCorrupção (NACC), que poderia determinar sua destituição.
[SAIBAMAIS]Em uma viagem ao norte do país, ela informou que seria representada pelos advogados. "Não comparecerá pessoalmente à NACC porque está em missão em Chiang Mai", disse à AFP seu secretário adjunto, o general Thawat Boonfaung. "Pediu a seus advogados que a representassem", completou.
A NACC considera que Yingluck ignorou as advertências sobre um programa polêmico de subsídios aos produtores de arroz, que provocou casos de corrupção e perdas financeiras. A chefe de Governo foi convocada para ouvir as acusações por negligência. Yingluck, que na quarta-feira viajou da capital Bangcoc a seu reduto no norte do país, onde revisará os projetos do governo, alega inocência e recentemente declarou que estava disposta a "cooperar para esclarecer os fatos".
"A primeira-ministra, que alega inocência, tem a intenção de cooperar", afirmou um de seus advogados, Norrawit Larlaeng, antes de destacar que ela continua acreditando no programa, que levou o governo a comprar arroz dos camponeses a um preço até 50% inferior ao do mercado.
Se for considerada culpada, o caso poderia ser enviado à justiça e ao mesmo tempo ao Senado, que poderia cassar os direitos políticos de Yingluck por cinco anos. Desde o fim do ano passado, a primeira-ministra também enfrenta os manifestantes que desejam substituir o governo por um "conselho popular" não eleito.
O movimento de contestação a acusa de ser uma marionete do irmão Thaksin Shinawatra, ex-primeiro-ministro exilado que foi derrubado por um golpe de Estado em 2006. Os partidos pró-Thaksin venceram todas as eleições legislativas nos últimos 10 anos. Mas os opositores acusam a família Shinawatra de corrupção e de utilizar dinheiro público para conseguir o apoio dos do norte e do nordeste do país, onde fica boa parte de seu eleitorado. A violência provocada por esta crise - fundamentalmente ataques com granadas ou tiroteios contra os manifestantes -, aumentou nos últimos dias, o que elevou o balanço a 22 mortos e centenas de feridos.