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Palestinos rejeitam prolongar negociações de paz com Israel após abril

'Não serve para nada prolongar as negociações, nem sequer uma hora, se Israel continua desprezando o direito internacional', afirmou o chefe dos negociadores

Agência France-Presse
postado em 27/02/2014 09:31
Ramallah - Os palestinos se negam a prolongar as negociações de paz com Israel para além da data limite de abril, declarou nesta quinta-feira (27/2) à AFP o chefe dos negociadores, Saeb Erakat, num momento em que o processo de paz promovido pelo americano John Kerry enfrenta dificuldades.

Nesta quinta-feira, a Casa Branca anunciou que o presidente americano, Barack Obama, receberá o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, no dia 17 de março para falar das negociações de paz com Israel.

"Não serve de nada prolongar as negociações, nem mesmo uma hora, se Israel continuar depreciando o direito internacional", afirmou Erakat.

Erakat fez esta declaração em resposta ao secretário americano de Estado, John Kerry, que afirmou que o diálogo entre as duas partes pode continuar para além dos nove meses estipulados.

"Se houvesse um sócio sincero não teríamos precisado nem mesmo de nove horas para alcançar um acordo", considerou o negociador palestino.


[SAIBAMAIS]"Mas não há um sócio em Israel comprometido com uma paz verdadeira ou com o direito internacional", acrescentou.

Kerry, que desde o fim de julho do ano passado tenta arrancar um acordo entre Israel e os palestinos, declarou na quarta-feira à imprensa que "ninguém deve se preocupar se ainda forem necessários nove meses (...) para concluir" o processo de paz.

Os líderes israelenses querem prolongar as negociações para além de 29 de abril, fixada como data limite.

Em sua última viagem ao Oriente Médio, em janeiro, Kerry apresentou um projeto de acordo com as linhas gerais de uma solução definitiva em torno dos temas do chamado "status final": as fronteiras, as colônias, a segurança, o status de Jerusalém e os refugiados palestinos.

Kerry se reuniu na semana passada em Paris com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, que constatou na sexta-feira o fracasso até agora da diplomacia americana para definir um acordo.

As ideias apresentadas por Kerry a Abbas são inaceitáveis e não podem "servir de base a um acordo" com Israel, afirmou um funcionário palestino, em especial no que diz respeito à "exigência de um reconhecimento do caráter judeu do Estado de Israel como Estado nação judeu".

Os palestinos consideram que isso significaria renunciar sem nada em troca ao direito de retorno dos refugiados, assim como a sua própria história.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que deve ser recebido na segunda-feira pelo presidente Barack Obama na Casa Branca, fez este reconhecimento de Israel como "Estado nação do povo judeu", elemento chave de um acordo de paz.

Obama receberá Abbas no dia 17 de março para evocar as negociações de paz com Israel, anunciou nesta quinta-feira a Casa Branca. Este encontro irá ocorrer duas semanas após a reunião prevista entre Obama e Netanyahu.

"O presidente espera poder revisar com o presidente Abbas o avanço das negociações israelenses-palestinas", declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.

"Também discutirão nossos contínuos esforços para trabalhar conjuntamente e fortalecer as instituições que apoiem o estabelecimento de um Estado Palestino", acrescentou.

Clima tenso

O ambiente é tenso quando se aproxima a data final prevista para as negociações.

Os negociadores israelenses e palestinos não se encontram, pelo menos oficialmente, há vários meses.

Além disso, se referindo a necessidades de segurança, Israel exige conservar uma presença militar no longo prazo no Vale do Jordão, ao longo da fronteira entre Cisjordânia e Jordânia. Mas os palestinos não aceitam que soldados israelenses sigam em seu território após um acordo de paz.

Segundo o New York Times, o presidente Obama planeja se envolver pessoalmente no processo de paz e pressionar Netanyahu para que aceite o acordo americano quando o receber na segunda-feira na Casa Branca.

O jornal israelense Yediot Aharanot afirma nesta quinta-feira que o governo de Netanyahu congelou de fato a construção das colônias israelenses, fora dos grandes blocos de colonização, um pomo da discórdia com os palestinos e os americanos.

Em terra, a situação continua tensa e instável, o que aumenta os temores, segundo o próprio Kerry, de uma terceira intifada palestina.

Na manhã desta quinta-feira, um militante palestino morreu em uma operação do exército israelense em Bir Zeit, perto de Ramallah.

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