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Chanceler alemã defende permanência do Reino Unido na União Europeia

O premiê britânico David Cameron tem um projeto político que quer reformas no bloco europeu e convocar um referendo em 2017 perguntando aos britânicos se querem continuar na UE

Agência France-Presse
postado em 27/02/2014 15:13
'Precisamos de um Reino Unido forte, com uma voz enérgica na União Europeia. Se tivermos isso, seremos capazes de fazer as mudanças para o benefício de todos', afirmou Merkel

Londres
- A chefe de governo alemã Angela Merkel se manifestou nesta quinta-feira (27/2) em favor da permanência de "um Reino Unido forte na União Europeia", em um discurso solene ante o Parlamento britânico.

"Precisamos de um Reino Unido forte, com uma voz enérgica na União Europeia. Se tivermos isso, seremos capazes de fazer as mudanças para o benefício de todos", afirmou Merkel no momento mais importante de sua visita a Londres.

Merkel se dirigiu em inglês às duas câmaras do parlamento, reunidas na Galeria Real do Palácio de Westminster.

Deste modo, ela se soma a seu colega Willy Brandt e ao presidente Richard von Weizs;cker, que, em 1970 e 1986, respectivamente, tiveram a mesma honra.



Desde o início, a chanceler ressaltou a posição extremamente desconfortável provocada pelas enormes expectativas criadas por ocasião de sua visita.

[SAIBAMAIS]A imprensa britânica, devidamente informada pela 10 Downing Street, insistiu sobre a importância de seu apoio ao projeto político do premiê britânico David Cameron, que quer reformas no bloco europeu e convocar um referendo em 2017 perguntando aos britânicos se querem continuar na UE.

Merkel disse que não foi a Londres expressar apoio ao projeto de reforma de Cameron, nem tampouco agradar a quem acha que "o resto da Europa não está preparada para manter o Reino Unido na UE a qualquer preço".

O primeiro-ministro britânico, muito atento à fala de Merkel, não pareceu apreciar as palavras de sua convidada em defesa "da redução da burocracia desnecessária", ou sua insistência na necessidade de uma Europa competitiva que deve ser, ao mesmo tempo, "unida e determinada".

Mas a chanceler também insistiu na importância de preservar os valores fundamentais da UE, tais como a livre circulação de pessoas, que Londres quer restringir, e disse que os britânicos não precisam demonstrar sua vocação europeia.

"Que teria sido da Europa se as pessoas de seu país não tivessem oposto resistência?", indagou, referindo-se às guerras mundiais contra a Alemanha.

"A Grã-Bretanha não precisa demonstrar seu compromisso com a Europa", enfatizou.

Além disso, excluindo as reformas que resultariam em uma renegociação do tratado da UE, ela assumiu o risco de frustrar os eurocéticos conservadores que contribuíram para a radicalização do discurso de Cameron.

Aparentemente satisfeito com o discurso de sua convidada, que acabou por se prolongar durante o almoço, Cameron assegurou, durante uma coletiva de imprensa conjunta, que deseja "que a Grã-Bretanha seja um ator positivo em uma União Europeia reformada".

"Acredito que é essencial definir os objetivos políticos, e David também", acrescentou cautelosamente Merkel.

Neste sentido, a imprensa conservadora britânica foi a primeira a enfatizar nesta quinta-feira o buraco no projeto reformista de Cameron.

Até o momento, Cameron diz considerar a repatriação de prerrogativas abandonadas em Bruxelas, enquanto que sua comitiva fala de recursos e/ou isenções em matéria de legislação social e imigração. Ele também sugere salvaguardas para países fora da zona euro.

Na hora do chá, Merkel foi ao Palácio de Buckingham para encontrar a Rainha Elizabeth II. Tal convite é normalmente reservado pelo protocolo aos chefes de Estado e não de Governo.

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