Agência France-Presse
postado em 27/02/2014 18:31
Um ex-dirigente da Française des Jeux (FDJ), empresa majoritariamente estatal que controla a loteria francesa, provocou mal-estar ao afirmar que os jogadores de raspadinha foram enganados. Segundo Gérard Colé, que dirigiu a empresa de 1989 a 1993, os prêmios não eram distribuídos ao acaso.Colé garantiu à AFP que a paridade de chances de ganhar promovida pela FDJ "nunca existiu", decepcionando milhões de amadores da raspadinha. Nesta quinta-feira (27/2), a empresa negou todas as acusações e afirmou que vai abrir um processo contra Colé.
Criados em 1989, os jogos de raspadinha são um grande filão para a loteria francesa. Em 2013, a categoria representou 45% das vendas de todos os jogos vendidos pela FDJ.
O ex-dirigente se baseia nos argumentos de um engenheiro aposentado que abriu um processo contra a FDJ, em 2006, e afirma que os bilhetes de raspadinha não eram distribuídos ao acaso, mas em blocos.
Segundo o engenheiro Robert Riblet, em três blocos de raspadinha sobre quatro, havia apenas um com prêmios superiores ou iguais a 20 euros. Os outros bilhetes traziam montantes "irrisórios", ou sequer tinham prêmios. Assim, quando o bloco "premiado" acabava, os outros bilhetes continuavam sendo vendidos, o que constitui, de acordo com Riblet, uma "ruptura de igualdade de chances" entre os jogadores.
O advogado de Riblet afirma que os consumidores que se sentirem lesados podem pedir à Justiça o reembolso de suas apostas.
Especialistas acreditam, contudo, que a FDJ não tem muito o que temer. "Vai ser muito difícil provar que houve má-fé por parte da empresa", afirmou o advogado Patrice Spinosi.
Em agosto de 2013, Robert Riblet foi condenado a pagar 10.000 euros de indenização à loteria francesa. A Justiça considerou que ele não provou que as chances de ganhar haviam sido comprometidas pela FDJ.