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Opositores venezuelanos denunciam violações dos direitos humanos

O presidente Nicolás Maduro nega que ocorram violações aos direitos humanos, mas um relatório do ministério público nesta semana admitiu que foram abertas 12 investigações a respeito

Agência France-Presse
postado em 28/02/2014 10:53
Estudantes, opositores e jornalistas denunciarão nesta sexta-feira (27/2) as violações aos direitos humanos por parte das tropas antidistúrbios durante os protestos antichavistas que deixaram 14 mortos e levaram à prisão de opositores radicais.

O Fórum Penal Venezuelano, que até quarta-feira (26/2) havia documentado 33 casos de violações aos direitos fundamentais, convocou uma manifestação sob o lema "todos ao resgate de nossos direitos humanos", na qual prometeu que participarão algumas das vítimas de abusos policiais.

O presidente Nicolás Maduro, herdeiro político do líder da chamada Revolução Bolivariana, o falecido Hugo Chávez, nega que ocorram violações aos direitos humanos, mas um relatório do ministério público nesta semana admitiu que foram abertas 12 investigações a respeito.

Mais de dez policiais estão detidos, entre eles cinco agentes da inteligência acusados pelo assassinato em 12 de fevereiro de um estudante e de um simpatizante do governo, as primeiras mortes dos protestos, que a partir desse dia se intensificaram.


Na concentração desta sexta, participará o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa, que denuncia cerca de 70 casos de hostilidade, ameaças, prisão injustificada ou roubo de equipamento de jornalistas venezuelanos e estrangeiros.

Na quinta, milhares de pessoas foram dispersadas pela polícia no leste de Caracas, durante uma manifestação contra a repressão do governo aos protestos na Venezuela, enquanto os ;chavistas; se reuniam em outro ponto da capital para recordar os 25 anos da revolta popular conhecida como "Caracaço".

Três semanas de protestos

Segundo números oficiais, 300 pessoas morreram durante o Caracaço, mas investigadores independentes apontam cerca de 2 mil falecidos nos distúrbios ocorridos entre 27 de fevereiro e 8 de março de 1989 contra um pacote econômico adotado pelo então presidente, o social-democrata Carlos Andrés Pérez.

Há três semanas, a Venezuela é sacudida por uma onda de protestos, iniciados no dia 4 de fevereiro, em San Cristóbal, estado de Táchira, após uma tentativa de assalto e estupro contra uma estudante.

As manifestações e sua repressão já deixaram 14 mortos, 140 feridos e 600 detidos, em todo o país. O presidente Nicolás Maduro afirma que os protestos são um "golpe de Estado em andamento" e determinou a prisão de Leopoldo López, líder do partido opositor Vontade Popular, acusado de promover a violência.

[SAIBAMAIS]Na quinta-feira, a Justiça venezuelana emitiu uma ordem de prisão contra outro líder da Vontade Popular, Carlos Vecchio, por incitar à violência.

Vecchio, coordenador político nacional da Vontade Popular, é procurado pela Direção Geral de Contra Inteligência Militar (DGCIM) por suspeita de "incêndio intencional, instigação pública, danos e associação ilícita".

Leopoldo López, integrante da ala radical da Mesa da Unidade Democrática (MUD), se entregou à Justiça no dia 18 de fevereiro, durante um enorme protesto no centro de Caracas, e desde então está na prisão militar de Ramo Verde, no subúrbio da capital.

Exigindo a saída de Nicolás Maduro, López convocou o protesto estudantil de 12 de fevereiro, quando manifestantes enfrentaram grupos armados ilegais e as forças da ordem, em incidentes que deixaram dois mortos, dezenas de feridos e vários detidos.

Os Estados Unidos denunciaram o governo Maduro por "continuar agindo para impedir a liberdade de expressão e restringir a liberdade de imprensa".

O chanceler venezuelano, Elías Jaua, reagiu afirmando que "falta um mínimo de seriedade na posição do governo dos Estados Unidos em relação à Venezuela".

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