Jacqueline Saraiva
postado em 28/02/2014 11:04
Como parte da ofensiva diplomática para assegurar o apoio dos países vizinhos na crise que a Venezuela enfrenta há duas semanas, o chanceler venezuelano, Elías Jaua, apresentou, nesta manhã de sexta-feira (28/2), em coletiva à imprensa, uma série de evidências do que o governo de Nicolas Maduro considera como golpe de estado. A tensão no país se intensificou nas últimas semanas, com protestos diários, duramente reprimidos pelas forças de segurança, que já deixam um saldo de 14 mortos. Durante a madrugada, Jaua também discutiu o assunto com o ministro de Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, na residência dele.[SAIBAMAIS]A visita, articulada entre quarta e quinta-feira, foi iniciativa de Maduro e faz parte de uma turnê pelos demais países do Mercosul, iniciada na quarta-feira com visitas à Bolívia (membro associado) e ao Paraguai. Jaua chega a Brasília, na sequência de reuniões em Buenos Aires e Montevidéu, onde recebeu apoio duplo para discutir o impasse também na União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
No encontro, Jaua fez duros ataques à imprensa internacional, a quem acusa de tentar ;destruir a imagem de um país democrático;. Ele também afirmou que o presidente venezuelano está aberto ao diálogo e que ele lamenta as mortes ocorridas em confrontos. Ressaltou que do total de mortos, apenas três podem ser vinculados às suspeitas de participação das forças de segurança. Para ele, as manifestações foram planejadas por ;grupos violentos da oposição;, com o único propósito de derrubar o presidente, que foi eleito, em abril do ano passado, para ocupar o lugar de Hugo Chávez ; presidente da Venezuela de 1999 até o início de 2013, quando morreu após perder a luta para um câncer, em Cuba.
Na apresentação, Jaua mostrou imagens de cartazes com incitação à violência contra os defensores do governo e fotos de bonecos enforcados, com camisetas vermelhas, em uma alusão aos chavistas. Também foram expostas imagens de ataques a prédios da Venezuela. O chanceler segue o tour diplomático pelo Suriname e na Guiana, onde pretende convocar a Unasul para apresentar as mesmas alegações sobre a crise que continua no país.