Agência France-Presse
postado em 28/02/2014 14:16
A realização da Copa do Mundo de futebol no Brasil em 2014 precipitou indiretamente a decisão do Papa emérito Bento XVI de anunciar sua renúncia um ano antes, em fevereiro de 2013, revelou seu secretário particular à imprensa alemã.Questionado pelo jornal bávaro Süddeutsche Zeitung sobre se o anúncio, pouco antes da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, inicialmente prevista para 2014, para não coincidir com a Copa do Mundo de futebol no país, precipitou a saída de Bento XVI, o arcebispo Georg G;nswein respondeu que isso "aconteceu exatamente desta forma".
O Papa alemão Bento XVI tomou a decisão de renunciar ao posto -um ato histórico- em agosto de 2012 e comunicou ao seu secretário em dezembro do mesmo ano. Ele queria que seu sucessor participasse da JMJ na cidade do Rio de Janeiro.
"Minha reação espontânea foi de dizer ;Não, Santo Padre, você não tem esse direito;. Mas essa seria uma reação afetiva, e muito rapidamente compreendi que ele me dizia isso porque já havia tomado sua decisão", explicou G;nswein.
O Papa revelou sua decisão para apenas quatro pessoas. "Ele me fez prometer manter a notícia sob segredo papal. Você pode imaginar que não foi fácil e que houve situações em que eu estava quase rasgado internamente", contou.
Os cardeais presentes durante o anúncio feito pelo Papa, feito em latim, levaram algum tempo para compreender o que estava acontecendo, acrescentou.
"Alguns rostos estavam petrificados, outros incrédulos, confusos, chocados. Eles se entreolharam perguntando ;é isso mesmo o que eu entendi?".
O exemplo de João Paulo II, que concluiu seu ministério na doença e sofrimento, foi fundamental para a sua decisão. "Continuar como o seu antecessor fez, ou mesmo imitá-lo, não era o estilo dele", disse.