Agência France-Presse
postado em 01/03/2014 10:09
Madri - O grupo separatista armado basco ETA comprometeu-se neste sábado (1;/3) a "selar até o último arsenal" e colocá-lo "fora de uso operacional", um primeiro gesto em um processo de desarmamento que se anuncia difícil.Em um comunicado recebido pelo jornal nacionalista basco "Gara" com data de 24 de fevereiro, o ETA confirma o anúncio feito três dias antes em Bilbao, País Basco, pelos especialistas da Comissão Internacional de Verificação do cessar-fogo.
O jornal advertiu, no entanto, que o processo de desarmamento "é difícil e não está isento de dificuldades", e acrescentou que o mesmo não depende apenas "da vontade do ETA e do profissionalismo da Comissão de Verificação Internacional", em mensagem ao governo espanhol, que não reconhece a CIV e pede a dissolução do grupo o quanto antes.
"O processo de selagem de arsenais começou, e o compromisso do ETA é levá-lo até o fim, até o último arsenal", indica o comunicado da organização, que, em outubro de 2011, anunciou sua renúncia definitiva à violência, depois de matar 829 pessoas em mais de 40 anos de luta armada pela independência do País Basco e Navarra.
Com a selagem, o grupo quer garantir que suas "armas, explosivos e dispositivos" encontrem-se "fora de uso operacional", oferecer um "clima de segurança" à sociedade basca, e ajudar a solucionar "o conjunto de consequências do conflito político", referindo-se, implicitamente, a seus mais de 500 presos espalhados por prisões espanholas e francesas, cuja repatriação ao País Basco pede há anos.
Em 21 de fevereiro, no País Basco, a Comissão Internacional de Verificação anunciou que, no fim de janeiro, a organização separatista basca havia "selado e colocado fora de uso operacional uma quantidade determinada de armas" pela primeira vez.
Paralelamente, um vídeo divulgado pela imprensa mostrava dois militantes do ETA, com o rosto escondido, exibindo a dois destes especialistas uma pequena quantidade de armamento "selado".
Dois dias mais tarde, três membros da comissão tiveram que depor como testemunhas diante de um juiz da Audiência Nacional, máxima instância penal espanhola, sobre o local em que se reuniram com os etarras. Os especialistas afirmaram desconhecer a identidade dos mesmos e o local onde o ETA guarda suas armas.
O anúncio da comissão foi recebido com ceticismo pelo governo espanhol, que o classificou de "encenação" e voltou a exigir a dissolução do ETA.
Na última quarta-feira, o chefe de governo, Mariano Rajoy, afirmou que sua equipe não tem que "oferecer nada em troca" aos membros do ETA para que se dissolvam.
Os especialistas afirmaram que a missão estava sendo "extremamente difícil, se não impossível", e pediram ao "governo e a líderes políticos" que permitam a continuidade do processo.
O grupo armado, que não realiza atentados na Espanha desde agosto de 2009, é considerado uma organização terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos.