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Ucrânia acusa Rússia de ter "declarado guerra" e está em alerta vermelho

A "declaração de guerra" foi feita pelo primeiro-ministro Arsenii Iatseniuk, contra a Rússia neste domingo (2/3)

Agência France-Presse
postado em 02/03/2014 10:09
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Kiev - A Ucrânia anunciou, neste domingo (2/3), a mobilização de seus reservistas após a "declaração de guerra" da Rússia, no momento em que as potências ocidentais buscam uma saída para o conflito com Moscou. Se o presidente russo quer ser o presidente que iniciou uma guerra entre dois países vizinhos e amigos, entre a Ucrânia e a Rússia, ele está perto de alcançar este objetivo. Estamos à beira do desastre", disse o primeiro-ministro Arseni Iatseniuk.

"É o alerta vermelho. Não é uma ameaça, é, na verdade, uma declaração de guerra ao meu país", disse.




"Nós pedimos para que o presidente Putin retire suas forças armadas e cumpra suas obrigações internacionais, assim como os acordos bilaterais e multilaterais entre a Rússia e a Ucrânia", acrescentou. Em Kiev, cerca de 50.000 pessoas foram à Praça da Independência protestar contra a situação. "Não vamos nos render", gritavam, dirigido-se para a Rússia. O diretor do Conselho, Andreii Parubii, afirmou que o ministério da Defesa deve "chamar todos aqueles necessários pelas Forças Armadas neste momento".

O objetivo desta medida é, segundo informou, "garantir a segurança e a integridade territorial da Ucrânia", após "a violação dos acordos bilaterais por parte da Rússia, em especial sobre a frota do Mar Negro". O parlamento ucraniano se reuniu neste domingo para uma sessão extraordinária a portas fechadas, a fim de abordar quais medidas serão tomadas face ao anúncio, neste sábado, de que o presidente russo pediu ao Senado a autorização para usar as forças armadas em território ucraniano.

[SAIBAMAIS]O presidente interino da Ucrânia, Olexandre Turchinov, colocou em alerta as forças armadas ucranianas, tidas por muitos como mal equipadas e sucateadas. Durante coletiva de imprensa no parlamento, Iatseniuk também pediu ajuda aos "parceiros ocidentais" e à "comunidade internacional" para que apoiem a "manutenção da integralidade do território ucraniano" e façam "o possível para deter um conflito militar provocado pela Rússia".

Resposta ocidental

O anúncio russo provocou uma avalanche de reações dos países ocidentais. Pouco antes de uma reunião dos embaixadores dos 28 países membros da OTAN, o secretário-geral da aliança atlântica, Anders Fogh Rasmussen, convidou a Rússia a "cessar suas atividades militares e suas ameaças" à Ucrânia e considerou que Moscou "ameaça a paz e a segurança da Europa".

O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, alertou de disse de maneira clara que a Rússia arriscar perder seu lugar no G8. Kerry disse a Putin que "não haverá um G8 em Sochi e provavelmente [a Rússia] não continuará no grupo caso o conflito persista". Os Estados Unidos exigiram, no sábado, que a Rússia recolhesse suas tropas da Crimeia caso não quisesse se expor a um "asilamento político e econômico ainda maior" no âmbito internacional e a um "profundo" impacto nas relações com Washington.

A Alemanha também pediu para que a Rússia evite qualquer intervenção militar na Ucrânia, avaliando que "ainda é possível evitar uma nova guerra na Europa". Grã-Bretanha e França anunciaram a suspensão de sua participação nas reuniões que antecedem a cúpula do G8, previsa para junho, em Sochi. Os chefes da diplomacia europeia farão uma reunião de emergência nesta segunda-feira, em Bruxelas, para falar sobre a crise.

O ministro espanhol das Relações Exteriores, José Manuel García-Margallo, encurtou uma visita de quatro dias ao Irã para poder participar do encontro. O papa Francisco também pediu para que as partes envolvidas nos conflitos na Ucrânia superem sua "incompreensão" mútua e pediu para que a comunidade internacional faça o possível para promover o diálogo.


Situação volátil na Crimeia


A situação continuava sendo instável na Crimeia e em outras regiões de língua russa da Ucrânia. Cerca de mil homens armados bloqueavam, neste domingo, a entrada do quartel de uma unidade de seguranças ucranianos na Crimeia, com o objetivo de lhes entregarem suas armas - informou o ministério ucraniano da Defesa. O ministro interino do Interior, Arsen Avakov, afirmou que 15 "emissários russos" tentaram entrar na Crimeia para propor aos oficiais ucranianos um passaporte russo e unirem-se a suas tropas.

O governo central deve anunciar a nomeação de dois influentes oligarcas aos postos de governador das regiões de Donetsk e Dniepropetrovsk, segundo a imprensa ucraniana. Em Simferopol, capital da Crimeia, a bandeira russa continuava hasteada na sede do governo local. Os homens não identificados que tomaram a sede do Parlamento na quinta-feira, contudo, já não estavam mais lá.

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