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Diplomata argentina critica designação inglesa de governador nas Malvinas

Após criticar a rejeição do Reino Unido em solucionar a questão, Castro argumenta que os habitantes das Malvinas não são um povo "separado", nem são vítimas do colonialismo

postado em 03/03/2014 14:16
Alicia Castro também fez referência ao caso dos habitantes da Ilha Diego Garcia
A embaixadora argentina em Londres, Alicia Castro, acusou o Reino Unido de violar o direito internacional ao designar um novo governador nas Ilhas Malvinas.

Em artigo publicado no diário The Guardian, de Londres, Castro critica a designação de Colin Roberts como governador, e considera que o contencioso em torno das Malvinas constitui ;um caso pendente de descolonização;.

Roberts substituirá, em abril, Nigel Haywood, e a sua missão será representar a Coroa britânica no arquipélago malvino, que os ingleses chamam de Falkland Islands, no Atlântico Sul.

;Esta nomeação constitui um novo ato unilateral do Reino Unido, em clara violação da obrigação que impõe o direito internacional, de resolver a disputa por meio de negociação diplomática com a Argentina;, acrescenta a embaixadora.


Após criticar a rejeição do Reino Unido em solucionar a questão, Castro argumenta que os habitantes das Malvinas não são um povo ;separado;, nem são vítimas do colonialismo.

;Os residentes britânicos não têm o direito de resolver a disputa de soberania entre a Argentina e o Reino Unido: ninguém duvida que eles são britânicos e que podem continuar a sê-lo, mas o território em que habitam não o é. Pertence à Argentina;, sublinhou.

A representante diplomática argentina também faz referência ao caso dos habitantes da Ilha Diego Garcia, no Oceano Índico, expulsos em finais da década de 1960, pelo Reino Unido, para a instalação de uma base militar dos Estados Unidos.

[SAIBAMAIS]Desde então, os nativos da ilha do Índico ;vivem na pobreza e dispersos por várias partes do mundo, e exigem o direito de regressarem ao seu território e aos seus lugares de origem;, acrescenta.

A embaixadora critica, ainda, Londres, por essa decisão, ;quando centenas de milhões de pessoas no mundo inteiro exigem, por meio de numerosas resoluções das Nações Unidas, um diálogo entre a Argentina e o Reino Unido;.

;Essa história contém todos os ingredientes dos relatos coloniais do século 19: violência, discriminação racial, duplos critérios, arrogância, manipulação, cinismo e enganos;, disse.

Alicia Castro sustenta ainda que o século 21 exige ;uma política de diálogo e respeito entre os povos;.

Londres nega-se a negociar a soberania das Malvinas, exigida por Buenos Aires desde 1833, sem o consentimento dos insulares, que são em torno de 3 mil. Mas, em referendo popular, há um ano, os habitantes das Malvinas votaram a favor da manutenção da soberania britânica no território, por larga margem de votos.

A Argentina e o Reino Unido envolveram-se numa guerra pela posse do território, em 1982, que terminou com a vitória britânica e o fim da ditadura militar argentina.

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