Rodrigo Craveiro
postado em 05/03/2014 06:43
Primeiro, a retórica dura de um líder determinado a sobrepor seus interesses às ameaças do Ocidente. Depois, um recado na forma de um teste com um míssil nuclear balístico intercontinental capaz de atingir Washington. Em tom desafiador, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebeu a imprensa na residência de campo de Novo-Oraryoya, perto Moscou, e fez um alerta: ;Nós nos reservamos o direito de usar todos os meios para proteger; os ucranianos e os cidadãos russos na Crimeia. ;Até agora, não houve necessidade de uso das Forças Armadas, mas essa possibilidade permanece;, declarou Putin, segundo o qual um ataque à Ucrânia seria o ;último recurso;. O chefe de Estado negou que suas tropas estejam na região e responsabilizou ;forças locais de autodefesa; da península pelo cerco aos militares ucranianos. ;Nossas ações são descritas pelo Ocidente como ilegítimas, mas olhem as operações dos EUA no Afeganistão, no Iraque e na Líbia;, garantiu. Ele atacou o novo governo de Kiev e afirmou que o líder deposto Viktor Yanukovich é o único presidente ucraniano legítimo.
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;Putin pode falar o que quiser. Os fatos mostram uma violação russa. A conduta de Moscou não se baseia na preocupação real com os cidadãos russos, mas no fato de a Rússia querer exercer poder sobre um país vizinho;, respondeu o presidente dos EUA, Barack Obama. ;O presidente Putin parece ter outra equipe de advogados, talvez outro conjunto de interpretações. Mas eu não acredito que ele esteja enganando ninguém;, acrescentou. Poucas horas após a réplica americana, o Ministério da Defesa russo anunciou o lançamento do míssil RS-12M Topol, a partir da região de Astrakhan (sul). ;A ogiva do míssil destruiu o alvo sobre o polígono de Sary-Chagan, no Cazaquistão;, informou uma autoridade da pasta. O RS-12M Topol pode alcançar 10 mil quilômetros e está apto a carregar uma ogiva nuclear de 550 quilotons.
Em visita a Kiev, o secretário de Estado americano, John Kerry, condenou o ;ato de agressão; da Rússia, ao reunir-se com o premiê Arseniy Yatsenyuk. ;Os EUA reafirmam seu compromisso com a integridade territorial da Ucrânia;, declarou. O chefe da diplomacia de Washington acusou a Rússia de buscar um pretexto para invadir o país. ;Este é o século 21 e nós não deveríamos ver nações retrocederem e se comportarem com modelos dos séculos 19 ou 20;, disse Kerry. Na véspera, o governo Obama tinha anunciado a suspensão da cooperação militar com o Kremlin, além do diálogo sobre acordos bilateriais e investimentos. O secretário ofereceu um pacote de ajuda de US$ 1 bilhão ao país. A União Europeia considera pagar US$ 2 bilhões em dívidas contraídas por Kiev com Moscou na compra de gás. A partir de abril, a estatal russa Gazprom vai pôr fim à redução no preço do produto vendido para a Ucrânia.