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China declara guerra à poluição e renova crescimento de 7,5% para 2014

Segundo o primeiro-ministro Li Keqiang, "50 mil caldeiras de carvão serão suprimidas neste ano", as centrais térmicas serão modernizadas e "seis milhões de veículos antigos serão destruídos"

Agência France-Presse
postado em 05/03/2014 12:00
Premier chinês Li Keqiang é exibido em uma tela durante a sessão de abertura da 12 ª Assembleia Popular Nacional, no Grande Salão do Povo, em Pequim- A China renovou para 2014 seu objetivo de crescimento de 7,5% e pretende declarar guerra à poluição, indicou nesta quarta-feira (5/3) o primeiro-ministro Li Keqiang, defensor de reformas que devem conduzir a um modelo econômico duradouro.

Muito esperado, este objetivo foi revelado em um discurso pronunciado por Li Keqiang na inauguração da sessão anual do Parlamento chinês. A segunda economia mundial registrou em 2013 um crescimento de 7,7%, repetindo o resultado de 2012, o mais fraco em 13 anos. Nestes dois últimos anos, o objetivo oficial de crescimento já foi fixado em 7,5%.



Após uma clara desaceleração econômica no primeiro semestre de 2013, em julho Pequim adotou medidas de reativação, sobretudo fiscais, que permitiram uma recuperação momentânea da atividade. Mas, ao mesmo tempo, o executivo se inquieta pelo custo ambiental do crescimento, tal como advertiu Li. Depois de três décadas de industrialização e de urbanização a marchas forçadas, o país - que segue obtendo do carvão 70% de sua energia - continua com frequência se sufocando sob uma espessa camada de poluição atmosférica.

"É uma advertência da natureza frente a um modelo de desenvolvimento cego e ineficaz. Devemos declarar guerra à poluição, como já a declaramos contra a pobreza", lançou o primeiro-ministro, no cargo há apenas um ano.

Missão impossível

"50 mil caldeiras de carvão serão suprimidas neste ano", as centrais térmicas serão modernizadas e "seis milhões de veículos antigos serão destruídos", declarou Li, afirmando que será fixado um teto para restringir o consumo de energia do país. De forma geral, o primeiro-ministro reafirmou seu compromisso em realizar reformas estruturais para reequilibrar o modelo econômico do país.

[SAIBAMAIS]O objetivo é torná-lo menos dependente das exportações e investimentos em infraestruturas, encorajando o consumo interno, embora às custas de moderar o ritmo de crescimento. Mas os analistas mostram-se muito céticos diante destas ambições governamentais. "Será missão impossível concretizar todas as reformas prometidas por Li sem comprometer o objetivo de crescimento" para 2014, observou Yao Wei, analista da Société Générale, ao destacar que as medidas antipoluição não são exatamente criadoras de crescimento.

Mas se Pequim quiser alcançar estes 7,5% de crescimento e criar os 10 milhões de empregos suplementares que prometeu (contra 9 milhões em 2013), terá que aprofundar o endividamento, segundo esta analista. Durante uma reunião plenária do Partido Comunista em novembro, o governo revelou um ambicioso programa de reformas econômicas e financeiras destinadas a oferecer um papel crucial ao mercado, em particular abrindo o capital dos grandes grupos públicos.

Nesta quarta-feira, Li Keqiang lembrou os diversos aspectos destas reformas, e voltou a prometer que os bancos irão dispor de uma margem de manobra para fixar suas próprias taxas de juros, até agora estreitamente supervisionadas pelo poder. Também indicou que o iuane - cuja recente depreciação surpreendeu os mercados - permanecerá estável, com uma taxa de juros adequada e equilibrada, embora sua margem de flutuação, que é fixada pelas autoridades, será ampliada.

O banco central chinês endureceu recentemente sua política monetária para frear o aumento de créditos no país. Mas "será necessária uma flexibilização" monetária "se quiser chegar a 7,5% de crescimento", comentaram os analistas do banco ANZ.

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