Agência France-Presse
postado em 07/03/2014 14:22
Bruxelas - Por pressão dos Estados Unidos, a União Europeia (UE) deixou que fosse instalado um "bazar" de espionagem, generalizando a vigilância em massa de todos os cidadãos, denunciou ao Parlamento Europeu o ex-consultor americano Edward Snowden.
"Uma das atividades essenciais da divisão de assuntos exteriores da Agência Nacional de Segurança (NSA) é a de pressionar ou incitar os Estados membros da UE a mudar suas leis para autorizar a vigilância em massa", sustenta Snowden em uma declaração por escrito publicada pelo Parlamento Europeu nesta sexta-feira (7/3).
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Tais operações ocorreram na Suécia, Holanda ou Alemanha tendo como resultado "a construção secreta de um sistema intrusivo de vigilância em massa", afirmou este ex-consultor, que revelou a vigilância sistemática dos Estados Unidos no mundo em resposta a perguntas feitas pela Comissão de Liberdades Civis do Parlamento Europeu.
Snowden incrimina, entre outros pontos, o direito que a NSA se reserva de espionar cidadãos dos países aliados dos Estados Unidos sem informá-los. Isso também permite que os Estados envolvidos afirmem perante sua opinião pública que ignoravam o que ocorria, acrescentou.
[SAIBAMAIS]Segundo Snowden, "o resultado é um bazar europeu" onde os Estados membros aceitam ceder individualmente à NSA direitos que deveriam ser limitados, mas que permitem, no fim, colocar em andamento "uma montagem de vigilância em massa contra o conjunto dos cidadãos comuns".
Snowden convoca os eurodeputados a agir para impedir que "os espiões ditem a política" dos Estados da UE.
"A boa notícia é que há uma solução: a debilidade da vigilância de massas é que pode ser rapidamente muito cara com a mudança dos padrões técnicos", ou seja, a generalização da encriptação, acrescentou.
Após uma investigação de seis meses sobre a vigilância em massa americana, a Eurocâmara deve se pronunciar na próxima semana sobre um projeto de relatório que proponha suspender o acordo Swift para as transferências bancárias e o chamado "Safe Harbour", que enumera um conjunto de princípios para a proteção de dados, a fim de garantir que as empresas americanas respeitem a legislação europeia, assinado por ambas as partes.