Agência France-Presse
postado em 07/03/2014 20:15
Caracas - O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusou nesta sexta-feira (7/6) o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, de cobrar 20% em "comissões" de empresários panamenhos da Zona Livre de Colón por pagamentos recebidos do governo venezuelano.Na última quarta-feira (5/3), Caracas rompeu relações com o país centro-americano.
Funcionários venezuelanos que foram ao Panamá para administrar as dívidas de Caracas "me trouxeram uma denúncia: os empresários na Zona Livre de Colón lhes disseram que o presidente panamenho está cobrando 20% deles por cada fatura cancelada", afirmou Maduro, em um discurso pela televisão.
Segundo Maduro, que não revelou quando a denúncia foi feita, o dinheiro era usado por Martinelli para financiar a campanha do governo no Panamá. As eleições gerais serão em 4 de maio. "Eu disse: parem todos os pagamentos imediatamente. E nossa relação é direta com os empresários, e não por intermédio do governo", afirmou Maduro, acusando Martinelli de "utilizar o poder político para se enriquecer".
Nesta sexta, o presidente panamenho exigiu da Venezuela o pagamento de mais de US$ 1 bilhão em dívidas e questionou se o rompimento de relações com o Panamá é "uma desculpa para não pagar".
Na última quarta-feira, Maduro anunciou a ruptura de relações diplomáticas e comerciais com o Panamá, depois que o vizinho centro-americano solicitou uma reunião de chanceleres da Organização de Estados Americanos (OEA) para tratar dos protestos na Venezuela. A proposta foi rejeitada na quinta à noite em Washington.
"Tivemos uma grande vitória com o apoio de todos os governos da América Latina (...), o governo do Panamá ficou sozinhozinho, sozinhozinho, derrotado, derrotado, derrotadinho", ironizou Maduro.
A dívida venezuelana tem a ver com operações feitas por empresários venezuelanos com a zona franca panamenha. Segundo o gerente da Zona Livre de Colón, Leopoldo Benedetti, a dívida desses empresários seria de cerca de US$ 2 bilhões.
Na Venezuela, desde 2003 está em vigor um férreo controle cambial, e os empresários devem tramitar por meio do governo os pagamentos em divisas estrangeiras. Os atrasos já chegam a um ano, e se acumula uma dívida estimada em pelo menos US$ 13 bilhões pelo setor privado.