Agência France-Presse
postado em 08/03/2014 10:25
Hanói - Rastros de combustível foram detectados no mar por aviões vietnamitas envolvidos nas buscas pelo Boeing 777 da companhia aérea Malaysia Airlines, que desapareceu com 239 pessoas a bordo, os primeiros possíveis sinais da aeronave que seguia de Kuala Lumpur para Pequim."Dois de nossos aviões detectaram dois rastros de combustível de cerca de 15 a 20 km, em paralelo e a cerca de 500 metros um do outro", declarou ao vivo à televisão estatal o general Vo Van Tuan, acrescentando que navios foram enviados para o local.
"Não temos certeza de onde vêm esses traços de combustível, mas enviamos navios vietnamitas para a área", acrescentou, mais de 18 horas após o desaparecimento do avião.
O voo MH370, no qual viajavam 227 passageiros e 12 tripulantes de quatorze nacionalidades, perdeu contato com o controle de tráfego aéreo perto da província de Ca Mau, no extremo sul do país.
A aeronave deveria ter contactado a torre de controle da cidade de Ho Chi Minh, mas não o fez. Segundo a companhia aérea, o avião não alertou qualquer problema durante o trajeto. Rapidamente, o ministério da Defesa vietnamita lançou uma missão de socorro em coordenação com a Malásia e a China.
Pequim ordenou seus navios de patrulha para que rastreassem a área, enquanto a Malásia mobilizou um avião, dois helicópteros e quatro navios para realizar as buscas em uma área do Mar da China Meridional.
Por sua vez, as Filipinas enviaram três navios da Marinha e aviões de vigilância, e Singapura uma aeronave em missão de busca. A companhia avisou aos familiares dos passageiros que devem se preparar para o pior.
O avião, um Boeing 777-200, deixou Kuala Lumpur logo após a meia-noite de sexta-feira, com previsão de chegada a seu destino às 06h30 de sábado, no horário local (19h30 de sexta, em Brasília). O voo passaria ao controle de tráfego aéreo de Ho Chi Minh às 17H22 GMT (14H22 Brasília), mas jamais apareceu.
"Nossos pensamentos e orações estão com os passageiros envolvidos, a tripulação e os membros de suas famílias. Nossa prioridade agora é trabalhar com as equipes de resgate e as autoridades", declarou o diretor da companhia Malaysia Airlines, Ahmad Jauhari.
Segundo a Malaysian Airlines, o Boeing transportava 227 passageiros e 12 tripulantes, de 13 nacionalidades, incluindo 153 chineses, 38 malaios, 7 indonésios, 6 australianos, quatro americanos, quatro franceses, dois canadenses, dois ucranianos, dois neozelandeses, um austríaco, um russo, um holandês e um taiuanês. Havia duas crianças a bordo.
"Estamos muito preocupados com estas informações. Esperamos que todos eles estejam salvos. Estamos fazendo tudo o que pudermos para obter mais detalhes", declarou o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, em um comunicado.
Um destróier da Sétima Frota dos Estados Unidos, o USS Pinckney, está a caminho do litoral sul do Vietnã para ajudar nas buscas pelo Boeing, segundo anunciou o Pentágono.
O destróier, que realizava manobras em águas internacionais do Mar da China Meridional, deve chegar em cerca de 24 horas no local onde a aeronave supostamente caiu.
O navio transporta dois helicópteros equipados com material de socorro e buscas. Um avião de vigilância P-3C Orion, equipado com radares, também voará para o local, a partir da base aérea americana de Okinawa, Japão.
[SAIBAMAIS]
O ministro francês dos Transportes, Frédéric Cuvillier, também ofereceu às autoridades vietnamitas e malaias ajuda da França nas buscas do Boeing 777 desaparecido. "O Gabinete de Investigação de Acidentes está à disposição para fornecer ajuda", indicou o ministério da AFP.
Passaportes roubados
No Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur, os familiares dos passageiros esperam ansiosamente notícias. Hamid Ramlan, um policial da capital da Malásia, disse que no voo viajavam sua filha de 34 anos e seu genro de 24, para passariam as férias em Pequim.
"Minha esposa não para de chorar. Todo mundo está triste. Minha casa tornou-se um lugar de luto", disse ele. "É a vontade de Deus, temos de aceitá-la".
Em Pequim, os familiares dos passageiros também esperavam por notícias. "Eles são inúteis. Não sei por que você não dão nenhuma informação", disse um jovem indignado, referindo-se à companhia aérea.
Por outro lado, foi divulgado que um italiano e um austríaco cujos nomes constavam da lista de passageiros não se encontravam na aeronave, e a confusão aconteceu porque ambos tiveram seus passaportes roubados.
O italiano Luigi Maraldi, de 37 anos, telefonou para seu pai neste sábado pedindo para que ficasse tranquilo. O ministério das Relações Exteriores da Itália confirmou ter recebido um telefonema de Luigi Maraldi.
Maraldi teve seu passaporte roubado há alguns meses, em 1; de agosto, quando estava na Malásia. Ao voltar para a Itália, ele obteve um novo passaporte.
O mesmo aconteceu com um passageiro austríaco, cujo nome não foi informado. "Fomos contactados pela companhia (Malaysia Airlines) que nos disse que havia um passageiro registrado com um passaporte austríaco. Nós verificamos e constatamos que era um passaporte roubado", explicou à AFP Martin Weiss, porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Áustria.
A pessoa em questão recebeu um telefonema do ministério e "indicou que estava na Áustria e bem. Ela relatou que seu passaporte havia sido roubado em 2012 durante uma viagem à Tailândia", informou o porta-voz.
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A Malaysia Airlines (MAS) é considerada uma das companhias mais seguras da região, com registro de poucos acidentes. O mais grave foi em 1977, quando um avião caiu no sul da Malásia, matando os 93 passageiros e os sete membros da tripulação.
Um novo acidente seria uma péssima notícia para a empresa, que vem há anos perdendo dinheiro, frente a concorrência de companhias de baixo custo como a AirAsia. Malaysia Airlines, que em 2012 admitiu estar "em crise", registrou nos últimos três meses de 2013 seu quarto trimestre consecutivo de perdas.