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Presidente do Iêmen nomeia novas autoridades em meio à violência

O ministro do Interior e o chefe da inteligência política foram demitidos após a escalada da violência no país

Agência France-Presse
postado em 08/03/2014 11:09
Sana - O presidente do Iêmen, Abd Rabbo Mansour Hadi, demitiu o ministro do Interior e o chefe da inteligência política após a escalada da violência no país, onde dois soldados foram mortos neste sábado em um ataque. Hadi havia denunciado em fevereiro as falhas nos serviços de segurança em seu país, onde a rede Al-Qaeda tem aproveitado o enfraquecimento do governo central desde 2011 para reforçar sua presença, multiplicando os ataques contra as forças de segurança.

De acordo com a agência oficial de notícias Saba, o presidente nomeou Abdo Tareb para substituir Abdelqader Qahtan à frente do ministério do Interior e o general Jalal al-Rwechane para o cargo, até então ocupado por Ghaleb al-Qamech, de chefe da inteligência política. Ao mesmo tempo, o presidente nomeou Khaled Bahhah para substituir o ministrou demissionário do Petróleo Ahmed Abdullah Dares, segundo a mesma fonte.

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De acordo com fontes políticas, as mudanças no Interior e à frente da inteligência política foram decididas após os protestos populares contra a crescente insegurança no país. Neste sábado, um novo ataque realizado por cinco membros da Al-Qaeda contra uma base do exército na cidade de Loder (sul) causou a morte de dois soldados, informou uma fonte militar à AFP.

Um dos agressores, de nacionalidade saudita, foi morto no fogo cruzado, e outros três ficaram feridos e foram capturados, de acordo com a mesma fonte. Além dos ataques e assassinatos quase diários de membros das forças de segurança, outros grandes atentados têm sido reivindicados pela Al-Qaeda na Península Arábica (AQAP), um ramo da rede extremista considerado pelos Estados Unidos como o mais perigoso.

Em fevereiro, um ataque contra a prisão central de Sanaa permitiu a fuga de 29 prisioneiros, incluindo a de 19 membros suspeitos da Al-Qaeda, e custou a vida de 11 membros dos serviços de segurança. "Os atos terroristas não chegariam a tal nível, se os serviços de segurança desempenhassem o seu papel da forma exigida", declarou Hadi, eleito presidente em fevereiro de 2012 por um período transitório, no âmbito de um acordo de transição política.

Apesar das várias campanhas conduzidas pelo exército, a Al-Qaeda continua ativa no sul e sudeste do Iêmen e chegou a realizar um grande ataque contra o ministério da Defesa em Sanaa, em dezembro, que causou 56 mortes. Também são registrados ataques regulares contra as instalações petrolíferas do país, o mais pobre do mundo árabe.

Além disso, o Iêmen é atingido por um violento movimento separatista no sul, que rejeita uma proposta de federação para o país e faz campanha para a secessão do Sul, um estado independente até 1990.

E no Norte, rebeldes xiitas da etnia Huthi procuram estabelecer a sua autoridade e travam combates regulares com o exército e os combatentes islâmicos. Neste contexto de escalada da violência, os analistas advertiram para o risco da entrada de membros da rede extremista no exército e nos serviços de segurança.

O aparato de segurança também parece enfraquecido por divisões, com alguns oficiais ainda leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, deposto depois de mais de um ano de um movimento de contestação.

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