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Milhares de pró-russos realizam grande manifestação no leste da Ucrânia

Em Carcóvia, a segunda maior cidade da Ucrânia e importante centro comercial, mais de 4.000 manifestantes pró-russos desfilavam no centro da cidade

Agência France-Presse
postado em 08/03/2014 14:24
Donetsk - Milhares de pessoas favoráveis à Rússia se manifestavam neste sábado nas zonas de idioma russo no leste da Ucrânia, principalmente em Donetsk e Carcóvia, enquanto prosseguia a tensão na Crimeia, cujo parlamento decidiu separar-se do Estado ucraniano.

Em Donetsk, milhares de pessoas se reuniram na Praça Lênin com bandeiras da Rússia ou gritando o nome do presidente russo Vladimir Putin. "Queremos um referendo para nos unirmos à Rússia porque sabemos que o nível de vida é melhor lá. Aqui estamos na miséria", afirmou um dos manifestantes. Centenas de manifestantes se dirigiam para a sede do governo regional, protegida por dezenas de policiais.

Donetsk é a capital de Donbas, uma região mineradora na fronteira com a Rússia, de onde é oriundo o deposto presidente ucraniano Viktor Yanukovytch.

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Em Carcóvia, a segunda maior cidade da Ucrânia e importante centro comercial, mais de 4.000 manifestantes pró-russos desfilavam no centro da cidade, exibindo bandeiras russas ou do "Bloco Russo", o movimento pró-russo ao qual pertence o ;primeiro-ministro; da região separatista da Crimeia, Serguei Axionov.

Na península da Crimeia, onde o parlamento local decidiu organizar um referendo sobre a união com a Rússia em 16 de março, houve uma manifestação de cerca de 300 pessoas favoráveis à integridade da Ucrânia. A maioria dos manifestantes eram mulheres protestando contra a intervenção de forças russas. "A Crimeia foi invadida pelas Forças Armadas russas, por bandidos chamados cossacos. Vamos boicotar o referendo. É ilegal", afirmou uma das manifestantes.

Nas últimas horas, foram denunciados vários ataques contra os jornalistas que cobrem a situação na Crimeia, tanto ucranianos quanto estrangeiros. O Canal 5 de televisão da Ucrânia informou que seus jornalistas foram agredidos por militantes pró-russos na sexta-feira, enquanto cobriam os incidentes em uma base da Força Aérea da Ucrânia em Sebastopol.

A agência de notícias americana AP disse neste sábado que na quinta-feira homens armados apreenderam o material de um de suas equipes de televisão. Além disso, a Ucrânia está sofrendo constantes ataques do potente vírus informático Snake, detectado em 2006, mas muito ativo desde 2013, em particular desde o início da crise no país, segundo um relatório do BAE Systems, organismo especializado em ciberespionagem.

A origem desses ataques pode ser localizada na Rússia, já que opera no fuso horário de Moscou e no código do vírus há um pouco de texto em russo. Desde 2010, Snake foi detectado em 56 sistemas informáticos, dos quais 44 a partir de 2013. Desses 44 casos, 22 foram detectados na Ucrânia, oito em 2013 e 14 em 2014.

Na Ucrânia, o vírus invadiu a rede do governo e de importantes organismos ucranianos, segundo o jornal Financial Times. "Snake é uma das ameaças mais sofisticadas e mais persistentes que temos estudado", explicou BAE Systems.

Segundo os especialistas, o Snake é comparável ao vírus Stuxnet, que em 2010 causou estragos no programa nuclear iraniano.

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