Agência France-Presse
postado em 10/03/2014 18:37
Caracas - Centenas de médicos e estudantes de Medicina protestaram em Caracas contra a falta de recursos dos hospitais, enquanto chavistas marchavam em apoio ao sistema público de saúde.
Usando jalecos e levando uma grande bandeira do país, médicos e estudantes de Medicina de todas as idades se concentraram na praça Venezuela. O destino era a sede da vice-presidência, no centro da cidade (reduto chavista), mas uma barreira policial impediu o avanço do grupo, sob a justificativa de que a passeata não tinha autorização.
Os médicos carregavam cartazes com inscrições como "Não são só as balas que matam, a falta de remédios também".
De acordo com o presidente da Federação Médica Venezuelana, Douglas León, cerca de 95% dos hospitais do país têm apenas 5% do necessário para atender aos pacientes. "O governo não equipou os hospitais, nem cumpriu a Constituição", criticou.
"O que importa é resolver os problemas dos venezuelanos e a crise da saúde, pela qual estamos passando. Queremos protestar, mas também queremos paz", disse à AFP Geovanny Provenza, um jovem médico que trabalha em um hospital público.
Preocupada com seu futuro, a estudante de Medicina Caterine Acosta, de 20 anos, considera que "os hospitais estão se deteriorando, não se encontra os materiais, e temos de falar para os pacientes comprarem aquilo de que precisam".
A poucas quadras, centenas de "trabalhadores e comitês de saúde" chavistas avançaram, sem problemas, pelo centro da capital. Eles foram recebidos no Palácio Miraflores pelo presidente Nicolás Maduro para comemorar o Dia do Médico e pela formatura de aproximadamente 2.500 jovens - uma parceria com o governo cubano.
"2.500 médicos que se graduam graças à educação que garantimos à juventude para se formar e servir à Pátria com uma nova ética", declarou o presidente em sua conta no Twitter, pouco antes do ato oficial.
Também aconteceram protestos de médicos em várias cidades do país, somando-se à onda de manifestações contra o governo que acontece na Venezuela, há um mês, contra a inflação, a escassez de produtos básicos e a violência.
Ao menos 20 pessoas foram mortas, e 300 ficaram feridas nos protestos. A reação do governo motivou uma série de denúncias de violações de direitos humanos.