Agência France-Presse
postado em 11/03/2014 10:04
Madri - Uma década depois dos atentados de 11 de março de 2004 contra quatro trens lotados em Madri, que mataram 191 pessoas e deixaram 1.900 feridos, a Espanha recorda, com emoção, os ataques islamitas, os mais violentos da história do país. "Hoje se completam 10 anos do maior atentado terrorista da história da Europa", afirmou Angeles Pedraza, presidente da Associação de Vítimas do Terrorismo, que recordou as "191 vidas perdidas para a barbárie" durante uma cerimônia no Parque do Retiro."Os relógios de todos os que sofreram continuam parando a cada manhã, com o mesmo medo, com a mesma sensação de angústia e pânico", completou a mulher, que perdeu a filha Miryam, de 25 anos. "Este dia fica para sempre marcado a fogo em nossos corações".
Mais cedo, uma missa solene na catedral madrilena de La Almudena, com a presença do rei Juan Carlos, da rainha Sofía, da princesa Letizia e da infanta Elena, além do primeiro-ministro Mariano Rajoy, deu início às cerimônias que recordam a tragédia que comoveu o país. A catedral recebeu quase mil pessoas, incluindo vítimas e funcionários do serviço de emergência que trabalharam no dia dos atentados.
As bombas foram detonadas quase ao mesmo tempo em quatro trens, no horário de pico, nas estações de Santa Eugenia, Pozo, na entrada da estação de Atocha e nesta mesma estação, no centro da capital. Em todo o país a comoção foi imensa. Mais de 11 milhões de pessoas, 25% da população, saíram Às ruas para protestar contra o terrorismo.
Ameaça terrorista "alta"
Na segunda-feira, 365 vítimas foram condecoradas em um evento solene no Teatro Real de Madri. Entre os homenageados estava a brasileira Adeniria Moreira, de 48 anos, passageira em um dos trens que perdeu o bebê que esperava e que, como centenas de feridos, continua traumatizada. Com óculos escuros, ela exibia nesta terça-feira a medalha no Parque do Retiro e lamentava o espaço de honra reservado aos políticos na cerimônia.
"Vieram apenas para a foto. Na igreja foi a mesma coisa", disse. Apesar de no mesmo dia do ataque um grupo ligado à Al-Qaeda ter reivindicado a ação, o então primeiro-ministro conservador de José María Aznar acusou o ETA. A teimosia do governo de apontar a organização separatista armada basca como culpada foi decisiva na derrota do Partido Popular, de Aznar, com Mariano Rajoy como candidato, nas legislativas de 14 de março que levaram, contra todas as previsões, o socialista José Luis Rodríguez Zapatero ao poder.
Uma das primeiras medidas do novo chefe de Governo foi ordenar a retirada das tropas espanholas do Iraque. Em 10 anos, a Espanha intensificou as operações contra células islamitas e prendeu 472 jihadistas. Mas as autoridades alertam que ainda existe um "risco provável" de atentados no país e que a ameaça terrorista permanece "alta".
Após um longo processo judicial, 18 pessoas foram condenadas pelo 11-M, com duas penas recorde de quase 43 mil anos de prisão. Mas, cercados pela polícia em 3 de abril de 2004, os sete homens apontados como os principais autores do ataque cometeram suicídio com explosivos em um apartamento de Leganés, nas proximidades de Madri.