Agência France-Presse
postado em 11/03/2014 21:04
Trípoli - O ministro da Defesa da Líbia, Abddulah al Theni, foi nomeado chefe de Governo interino depois que o Parlamento líbio retirou sua confiança, nesta terça-feira (11/3), do primeiro-ministro Ali Zeidan.A destituição aconteceu após uma longa disputa entre os Poderes Executivo e Legislativo, em um país quase paralisado e mergulhado no caos."O Congresso votou por retirar a confiança do primeiro-ministro, com 124 votos", declarou o Congresso Geral Nacional (CGN, Parlamento), principal instância política e legislativa da Líbia, acrescentando que Theni foi designado chefe de governo interino até que o sucessor de Zeidan seja nomeado.
Theni prestou juramento logo depois, segundo imagens de emissoras de televisão locais, e deve permanecer no cargo por até duas semanas.
Nesta terça à noite, o procurador-geral líbio emitiu uma proibição de viagem ao agora ex-premier Ali Zeidan. Segundo a imprensa local, Zeidan já teria deixado o país em um avião particular.
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De acordo com um documento publicado na página da Procuradoria-Geral no Facebook, Zeidan foi proibido de viajar em virtude de seu suposto envolvimento em um caso de desvio de dinheiro público.
Tentativas anteriores de censurar Zeidan foram frustradas diante da incapacidade de se atingir a maioria necessária de 120 membros do Congresso, de um total de 194. O governo de Zeidan era frequentemente criticado por não ter restabelecido a segurança do país, dois anos após a queda do regime de Muammar Kadhafi.
Nesta terça, antes da votação, a deputada Suad Ganur disse à AFP que se chegou a um acordo para mudar o governo. "A situação do país está-se tornando insuportável. Nem aos deputados que apoiavam o primeiro-ministro resta outra opção", explicou.
Um independente que contava com o apoio dos liberais, Zeidan acusava os islâmicos, com frequência, de quererem tirá-lo do cargo para assumirem o poder na Líbia. Ele se negava a renunciar e, nesta terça, pouco antes da votação no Congresso, sua assessoria negava os rumores de que tivesse entregue o posto.
Desde que assumiu o cargo de primeiro-ministro em novembro de 2012, Zeidan e o Congresso se acusavam mutuamente de serem responsáveis pela situação do país.
O CGN também tem recebido críticas.
[SAIBAMAIS]Grande parte da população e dos políticos pedem a dissolução do Parlamento, depois que a Casa prolongou seu próprio mandato por mais dez meses, indo até o fim de 2014. Após essa "extensão", o governo estabeleceu um novo calendário, com eleições "antecipadas", mas o CGN não chegou a um consenso sobre o modo de eleição de presidente.
Nesta terça, o Congresso decidiu deixar que o futuro Parlamento decida como o presidente será escolhido, mas ainda não se sabe a data para a eleição dos novos membros da Casa, disse à AFP o deputado Mohamed Laamari.
O Congresso também criticava Zeidan pelo bloqueio dos terminais petroleiros desde julho por parte dos separatistas da região oeste da Líbia.