Agência France-Presse
postado em 13/03/2014 16:19
Maputo - A mineradora Vale afirmou nesta quinta-feira (13/3) que somente no final desta década deverá atingir o mínimo de rentabilidade esperado para Moçambique, em função das dificuldades para transportar maiores quantidades de carvão até os portos de exportação.O grupo pretende, contudo, manter seus investimentos no país, especialmente na construção de 900 km de uma via férrea entre as minas de carvão da região de Tete e Nacala (norte), um terminal que deverá ser transformado num porto de águas profundas.
"Nossa previsão é de que em 2015 tenhamos atingido os 6 a 7 milhões de toneladas no porto de Nacala-Velha", declarou à AFP o diretor geral da Vale Moçambique, Ricardo Saad. Uma vez terminada a via férrea Tete-Nacala, serão 22 milhões de toneladas que poderão ser exportadas em 2017.
No ano passado, a Vale Moçambique exportou 3 milhões de toneladas de carvão e amargou um prejuízo líquido de 480 milhões de dólares. "Nós acreditamos neste país, mas temos uma janela de tempo para que o projeto seja viável", explicou Saad durante coletiva de imprensa.
Cinco anos após os primeiros investimentos no país africano, a Vale ainda não obteve lucros.
Além da linha Tete-Nacala, a ligação férrea existente entre Tete e a cidade costeira de Beira também está em obras.
A gigante brasileira de mineração mantém, no noroeste de Moçambique, um complexo de extração de carvão destinado em grande parte à exportação, especialmente para China e Índia.
A mina de Moatize contém pelo menos 23 bilhões de toneladas de combustível, assim como carvão térmico destinado às centrais térmicas e coque, de alto valor calorífero, muito usado em siderurgia.
Descoberta há muito tempo, a bacia carbonífera de Moatize teve suas reservas subestimadas e ficou sem ser explorada por causa da longa guerra civil que assolou a antiga colônia portuguesa, entre 1975 e 1992.