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Chavistas marcham em apoio a militares; opositores contra a repressão

As duas forças saíram as ruas neste sábado em Caracas, em Venezuela

Agência France-Presse
postado em 15/03/2014 15:48
Caracas - Várias centenas de chavistas se manifestaram neste sábado em apoio às Forças Armadas venezuelanas, enquanto opositores suspenderam uma manifestação para repudiar os abusos das forças de ordem no âmbito da onda de protestos contra o governo, que deixa um saldo de 28 mortos.

Centenas de pessoas, com bandeiras venezuelanas e vestidas de vermelho - cor do chavismo -, milicianos e militares de uniforme verde marcharam pelo Paseo Los Próceres, no sudoeste de Caracas, para apoiar a ação das forças de segurança nos protestos contra o governo de Nicolás Maduro, que já duram mais de um mês.

"Hoje o povo vai a ;Los Próceres; dar o reconhecimento a nossa Guarda Nacional Bolivariana (GNB) que está nas ruas, ao exército, à marinha, à aviação", declarou o presidente da Assembleia Nacional e número dois do chavismo, o ex-militar Diosdado Cabello.

"A união cívico-militar está fortalecida e vamos seguir unidos", expressou a ministra da Defesa, Carmen Meléndez, que, junto a Cabello, liderou a mobilização, que terminou no pátio da Academia Militar, onde foram recebidos por Maduro.

Paralelamente, o partido opositor Vontade Popular - ala radical da oposição que promove os protestos nas ruas - planejava se mobilizar em Caricuao, oeste de Caracas, para repudiar a repressão dos corpos de segurança do Estado e de grupos irregulares contra os manifestantes.


Mas a atividade foi suspensa diante da ameaça de grupos violentos que supostamente amedrontam os manifestantes, escreveu no Twitter Johan Merchan, chefe de imprensa do Vontade Popular, que também lamentou a falta de forças de segurança em Caricuao, permitindo agressões à imprensa.

Desde que as manifestações tiveram início, há mais de um mês, foram registradas 28 mortes, cerca de 400 feridos, mais de 100 detidos e 41 investigações por violação de direitos humanos por parte das forças policiais, segundo um balanço do Ministério Público.

Operações
A Venezuela vive desde o dia 4 de fevereiro uma onda de protestos opositores iniciados por estudantes de San Cristóbal (oeste).

À crítica inicial pela insegurança foram se somando outras, contra a inflação de 57%, a escassez de alimentos e produtos básicos, a favor da libertação de detidos políticos e contra a repressão praticada pelas forças de segurança.

Ordenadas pelo presidente Nicolás Maduro, foram reforçadas entre quinta e sexta-feira as operações contra manifestantes radicais, que consistem em uma maior presença policial, detenção de radicais e apreensões, principalmente em Caracas, San Cristóbal - berço dos protestos -, e Valência (norte), onde nesta semana dois civis e um militar morreram baleados.

"Vamos entrar com planos especiais (...) até acabarmos com os ;guarimberos; (manifestantes que fazem piquetes) e com os delinquentes em todas as áreas urbanas desta classe média alta e classe média, que são as principais vítimas deste golpe de Estado", disse Maduro em uma entrevista coletiva na sexta-feira.

O ministro do Interior, Miguel Rodríguez Torres, informou que os agentes venezuelanos multiplicaram as apreensões de objetos utilizados por manifestantes radicais, incluindo explosivos e substâncias químicas para fabricar coquetéis molotov.

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