Kuala Lumpur - O governo da Malásia anunciou neste domingo que o número de países envolvidos nos esforços para encontrar o Boeing 777 desaparecido praticamente dobrou e chegou a 25, ao mesmo tempo que centra as investigações nos pilotos. Analistas ressaltam que desconectar o sistema de comunicação requer um conhecimento especializado, o que intensificou a investigação sobre o piloto Zaharie Ahmad Shah e seu copiloto, Fariq Abdul Hamid.
Amigos de ambos defenderam os profissionais, mas o simulador instalado na casa de Zaharie levantou uma série de dúvidas, apesar das afirmações de analistas de aviação de que é algo frequente. Sobre Fariq, uma mulher afirmou que o copiloto havia permitido que ela e amiga visitassem a cabine de um avião durante um voo em 2011, o que é proibido pelas normas internacionais. Hishammuddin destacou que os dois pilotos "não pediram para voar juntos" no avião desaparecido.
[SAIBAMAIS]A alternativa de que outra pessoa teria assumido o comando do avião ou forçado os pilotos abre mais uma série de possibilidades. Dois passageiros iranianos embarcaram com passaportes europeus roubados, mas a Interpol considera que eram provavelmente imigrantes ilegais e que não correspondem ao perfil de terroristas.
O último contato por satélite do avião em 8 de março foi registrado quase oito horas depois da decolagem, perto do momento em que, segundo a companhia aérea, teria ficado sem combustível. Hishammuddin destacou que a investigação trata com "importância equivalente" os dois trajetos possíveis, mas vários analistas afirmaram que a rota do sul do Oceano Índico era mais provável.
Para os familiares, a notícia de que o avião foi desviado de forma deliberada representa mais agonia a uma longa espera, apesar de também significar um ponto de esperança para a possibilidade de pouso em algum lugar. Os parentes de Bob e Cathy Lawton, um casal australiano que estava no voo, consideraram a hipótese uma nova fonte de preocupação. "É uma das piores coisas que podíamos esperar", disse o irmão de Bob, David Lawton. "Se estiverem vivos, ao que estão sendo submetidos?", questionou.
Críticas da China
A China voltou a criticar o governo da Malásia. Das 239 pessoas a bordo do Boeing, 153 eram cidadãos chineses. "É evidente que o anúncio de informações tão essenciais chega terrivelmente tarde, após dias atrozes para os familiares dos passageiros desaparecidos", afirmou a agência oficial Xinhua. A agência considera a demora "inaceitável" e destaca que a Malásia "não pode fugir de sua responsabilidade".
"Com a ausência, ou ao menos a falta, de informação pontual comprovada, grandes esforços foram desperdiçados, concentrando as operações de busca em uma área na qual não estava o avião". "Isto demonstra que as operações de busca dos oito últimos dias foram totalmente vãs e falharam no essencial. As hipóteses que as autoridades malaias se esforçavam para desmentir se mostraram exatas", criticou o jornal Beijing Times.