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Após bombardeios, Síria diz que Israel ameaça segurança no Oriente Médio

O ataque aéreo israelense na madrugada desta quarta-feira deixou um morto e outras sete pessoas feridas, segundo as forças armadas sírias

Majdal Shams - A Síria acusou nesta quarta-feira (19/3) Israel de ameaçar a segurança no Oriente Médio por bombardear posições sírias nas Colinas de Golã, em resposta a um atentado contra soldados israelenses, o que pode desencadear um conflito entre os dois países após décadas de calma. O ataque aéreo israelense na madrugada desta quarta-feira deixou um morto e outras sete pessoas feridas, segundo as forças armadas sírias.



Este ataque aéreo é o episódio mais violento desde a guerra de 1973 nas imediações da linha de demarcação entre as partes síria e israelense das Colinas de Golã. Algumas zonas do lado sírio desta região estão controladas pelos rebeldes que lutam contra as forças de Bashar al-Assad, entre eles grupos jihadistas hostis a Israel. Segundo o Estado hebreu, o Hezbollah, aliado de Assad e inimigo de Israel, também está presente no lado sírio de Golã.

Israel responderá quando e onde ocorrer

"Não toleraremos nenhum atentado contra nossa soberania, nossos soldados ou nossos cidadãos. Responderemos com determinação e com força (...) quando e onde ocorrer, como fizemos nesta noite", acrescentou Yaalon. O exército sírio considerou que o ataque israelense busca "desviar a atenção das sucessivas vitórias" das forças de Bashar al-Assad na guerra síria, que neste mês entrou em seu quarto ano.

Assim como muitos analistas de segurança israelenses, o general Amos Yadlin estima que o regime sírio pode estar por trás do ataque de terça-feira contra um veículo militar israelense. "O ataque de ontem era profissional. Não há dúvidas de que os sírios estavam informados e pode ser que o tenham realizado em nome do Hezbollah", indicou Yadlin em uma entrevista à rádio militar.

Trata-se do terceiro incidente nas últimas duas semanas na fronteira setentrional de Israel. Os oficiais israelenses acusam o exército sírio de cumplicidade nestes ataques. Os dois ataques anteriores, nos dias 5 e 14 de março, foram atribuídos ao Hezbollah, o movimento xiita libanês que travou uma sangrenta guerra contra Israel em 2006. Nesta ocasião, Israel não acusou diretamente o Hezbollah, embora Netanyahu tenha indicado na terça-feira que o número de jihadistas e de elementos do Hezbollah aumenta na parte síria das Colinas de Golã.

Embora até o momento ninguém tenha reivindicado o atentado de terça-feira, os analistas apontam semelhanças com o cometido na semana passada contra tropas israelenses na fronteira com o Líbano, atribuído ao Hezbollah. Israel ocupou as estratégicas Colinas de Golã na Guerra dos Seis Dias, de 1967, e as anexou em 1981, sem nenhum reconhecimento da comunidade internacional. Síria e Israel continuam oficialmente em guerra. No entanto, a linha de demarcação nas Colinas de Golã é considerada uma fronteira tranquila desde o fim da guerra de Yom Kippur, em 1973.