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Obama ameça Rússia com sanções e garante apoio a aliados da Otan

O presidente dos Estados Unidos anunciou mais sanções contra funcionários e um banco da Rússia e ameaçou a economia

Agência France-Presse
postado em 20/03/2014 13:33

Washington - O presidente Barack Obama anunciou nesta quinta-feira (20/3) mais sanções contra funcionários e um banco da Rússia e ameaçou a economia russa pela anexação da Crimeia por parte de Moscou.

[SAIBAMAIS]

"A Rússia deve saber que uma maior escalada só a isolará mais da comunidade internacional", declarou Obama, garantindo o apoio dos Estados Unidos aos países da Otan.



As novas medidas dizem respeto a 20 legisladores, além dos 11 já sancionados por Washington.

O Departamento do Tesouro indicou que vinte parlamentares e altos funcionários de Moscou foram incluídos na lista de sancionados, que terão seus bens nos Estados Unidos congelados e serão proibidos de negociar com empresas deste país.

A reação da Rússia não tardou. Moscou divulgou sua própria lista de sanções contra três assessores de Obama e vários parlamentares americanos, entre eles John McCain.

Na segunda, o governo americano anunciou sanções seletivas contra 11 autoridades russas e ucranianas, sete delas com vínculos com o presidente Vladimir Putin.

Entre os nomes adicionados à lista nesta quinta-feira estão o chefe de gabinete do presidente russo, Serguei Ivanov, e seu auxiliar, Alexei Gromov.

Também entraram na mira os irmãos milionários Arkadi e Boris Rotenberg, amigos pessoais de Putin, que se beneficiaram, segundo o Tesouro americano, de grandes contratos de infraestrutura para os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, em fevereiro.

O banco punido pelos Estados Unidos é o Aktsionerny da Federação da Rússia, conhecido como "Bank Rossiya", que, segundo o governo americano, mantêm bens do círculo íntimo de Putin.

Seu diretor, Yuri Kovaltchuk, também foi incluído na lista.

- "Impacto significativo" na economia -


Obama ressaltou que, além das autoridades políticas, as sanções atingem pessoas "com grandes recursos e influência" que sustentam o governo russo, assim como um banco que "apoia economicamente essas pessoas".

"Estamos dando estes passos como parte da resposta ao que a Rússia tem feito na Crimeia", declarou o presidente Obama, que alertou para a possível adoção de novas medidas com maiores consequências, caso Moscou não mude de atitude.

"Hoje assinei um novo decreto que nos autoriza a impor sanções não só contra indivíduos, mas a setores estratégicos da economia russa", indicou Obama.

"Este não é o resultado que gostaríamos", declarou, advertindo que as medidas terão um "impacto significativo" na economia russa.

O subsecretário do Tesouro, David Cohen, afirmou que a economia russa já começa a sofrer as consequências da intervenção na Ucrânia.

"Com sua moeda próxima de uma queda histórica, seu mercado de capitais em baixa de 20% este ano e um aumento considerável das taxas, a Rússia já começa a enfrentar os custos econômicos de seu esforço ilegal de minar a segurança, a estabilidade e a soberania da Ucrânia", afirmou.

E a agência de avaliação Standard & Poor;s reagiu ao anúncio rebaixando nesta quinta para "negativa" a perspectiva da nota da dívida da Rússia, em razão dos riscos ligados às sanções ocidentais contra Moscou após a anexação da Crimeia.

"O aumento dos riscos geopolíticos e a perspectiva de sanções econômicas (...) podem reduzir os fluxos de investimentos e aumentar a fuga de capitais, enfraquecendo assim o desempenho econômico da Rússia, já em deterioração", explicou a agência em um comunicado.

Moscou, que tem uma dívida pública relativamente baixa, é classificado como "BBB" pela S, considerado o nível mais baixo da categoria grau de investimento pelo mercado.

- Diplomacia continua -


Contudo, Barack Obama insistiu que a "diplomacia entre os Estados Unidos e a Rússia continua", ressaltando que Moscou ainda pode resolver a crise por meio de uma "solução diplomática" com o governo de Kiev.

Sem compartilhar essa ideia, a Rússia insistia nesta quinta-feira em seguir a estratégia traçada após a destituição do presidente ucraniano Viktor Yanukovytch, em fevereiro.

A Duma (câmara baixa do Parlamento russo) ratificou nesta manhã o tratado sobre a integração da Crimeia à Rússia, assinado na terça-feira pelo presidente Vladimir Putin com os líderes pró-russos desta península, que tem o tamanho da Bélgica e uma população de dois milhões de habitantes.

Os habitantes da Crimeia, em sua maioria favoráveis a Moscou, votaram no domingo em um referendo a favor da anexação do território.

Como resultado, a primeira expansão das fronteiras russas desde a Segunda Guerra Mundial provocou uma onda de tensão nos países bálticos e em outras ex-repúblicas soviéticas.

Obama, que viajará na próxima semana à Europa para discutir a crise ucraniana, reafirmou o apoio dos Estados Unidos a seus aliados na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

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