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Ucrânia eleva o tom e EUA e Rússia anunciam sanções recíprocas

As novas medidas dizem respeito a 20 legisladores

Agência France-Presse
postado em 20/03/2014 15:05
Kiev - A Ucrânia prometeu nesta quinta-feira (20/3) lutar pela "libertação" da Crimeia, anexada pela Rússia, enquanto os Estados Unidos anunciaram novas sanções contra Moscou, que ameaçou com uma escalada de sanções.

Os líderes da União Europeia (UE), por sua vez, reunidos nesta quinta-feira para discutir a crise ucraniana cancelaram a cúpula com a Rússia prevista para junho em represália por sua atitude em relação à Ucrânia.

O anúncio foi feito pelo presidente francês François Hollande, enquanto que a chanceler alemã Angela Merkel advertiu que o próprio formato do G8 está em perigo.

Em um pronunciamento na Casa Branca, o presidente Barack Obama anunciou nesta quinta-feira mais sanções contra funcionários e um banco da Rússia e ameaçou a economia russa pela anexação da Crimeia por parte de Moscou.

"A Rússia deve saber que uma maior escalada só a isolará mais da comunidade internacional", declarou Obama, garantindo o apoio dos Estados Unidos aos países da Otan.

As novas medidas dizem respeito a 20 legisladores. Na segunda-feira, o governo americano anunciou sanções seletivas contra 11 autoridades russas e ucranianas próximas a Moscou, sete delas ligadas ao presidente Vladimir Putin.

A reação da Rússia não se fez esperar. Moscou publicou uma lista de sanções contra três assessores de Obama e vários parlamentares americanos, entre eles John McCain.

"Ante cada ato hostil, responderemos de modo adequado", indicou o ministério das Relações Exteriores russo em um comunicado. Nove pessoas fazem parte da lista publicada.

Já o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse ao presidente russo, Vladimir Putin, que estava "muito preocupado" com a crise, durante uma visita relâmpago a Moscou.

Ban Ki-moon também pediu que observadores das Nações Unidas e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) sejam enviados à Ucrânia e que haja um "diálogo honesto e construtivo" entre Moscou e Kiev.

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Putin se limitou a saudar "os esforços (da ONU) para resolver crises em todo o mundo".

Kiev fala de luta dolorosa
Em uma resolução solene, mas pouco mais que simbólica, o Parlamento de Kiev anunciou que a "Ucrânia não vai parar em sua luta pela libertação da Crimeia, por mais longa e dolorosa que seja".

"O povo ucraniano não reconhecerá nunca a anexação da Crimeia", completa o texto, que adverte que "as fronteiras foram modificadas pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial pela Rússia".

A Ucrânia renunciou em 1994 ao arsenal nuclear e a Rússia garantiu em troca a inviolabilidade de suas fronteiras.

A União Europeia (UE), sob intensa pressão para apresentar uma resposta firme à crise diplomática mais difícil desde o fim da Guerra Fria, ameaçou ampliar as sanções, pouco antes de uma reunião dos chefes de Estado e de Governo.

A UE ampliará "a lista de personalidades russas e ucranianas pró-Moscou que terão vistos proibidos e bens congelados, anunciou a chanceler alemã Angela Merkel.

"No caso de escalada estamos dispostos a passar a qualquer momento à fase três das sanções, que significará sem dúvida sanções econômicas", advertiu.

Quanto ao futuro da Rússia no G8 e uma reunião de cúpula do G8 em junho, a chanceler declarou: "Enquanto as condições políticas não estiverem reunidas para uma reunião desta envergadura, não há G8, nem reunião de cúpula, nem formato deste tipo".

Almirante liberado
Mas até o momento os protestos conseguiram muito pouco para conter a ocupação militar russa das instalações militares ucranianas na Crimeia.

A tensão registrou uma leve distensão quando as milícias pró-Rússia da Crimeia liberaram o comandante da Marinha ucraniana na península, o almirante Serguei Gayduk.

O presidente interino ucraniano, Olexander Turchynov, havia ameaçado as autoridades da Crimeia com uma "resposta de caráter técnico e tecnológico" caso a libertação não ocorresse.

Kiev afirma que Moscou tem outros planos expansionistas, que afetariam grandes áreas do sudeste da Ucrânia de língua russa.

"Há indícios de que a Rússia está disposta a iniciar uma intervenção em grande escala no leste e no sul da Ucrânia", disse o chefe da missão da Ucrânia na ONU em Genebra, Yuri Klimenko.

"Nossa maior preocupação no momento é se (os russos) irão além da Crimeia", disse o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen.

Kiev busca de forma acelerada a proteção ocidental e na sexta-feira pretende assinar o trecho político de um Acordo de Associação com a UE, o que provocou o início da crise em novembro, quando o então presidente ucraniano pró-Moscou, Viktor Yanukovytch, se recusou a assinar o texto.

A Ucrânia anunciou na quarta-feira que deixará a Comunidade de Estados Independentes (CEI) que substituiu a União Soviética.

A Duma (câmara baixa do Parlamento russo), por sua vez, ratificou nesta quinta-feira o tratado sobre a integração da Crimeia à Rússia, assinado na terça-feira pelo presidente Vladimir Putin com os líderes pró-russos desta península, que tem o tamanho da Bélgica e população de dois milhões de habitantes.

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