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Exército sírio se apodera de famosa fortaleza da época das Cruzadas

O canal al-Mayadeen, com sede em Beirute e que apoia o regime de Bashar al-Assad, exibiu imagens de combatentes do regime no interior da fortaleza

Damasco - O Exército sírio conquistou nesta quinta-feira uma importante vitória ao se apoderar de uma antiga fortaleza síria considerada Patrimônio Mundial pela Unesco, o Krak dos Cavaleiros, localizado perto do Líbano, que era usada como reduto dos rebeldes.

Trata-se da terceira reconquista de um reduto rebelde nesta região na fronteira com o Líbano em menos de um mês. As tropas do regime são beneficiados pela ajuda de combatentes do movimento xiita libanês Hezbollah e pelos conflitos internos da rebelião.

"O Exército sírio hasteou a bandeira da nação no Krak dos Cavaleiros, na província de Homs (centro), depois de arrasar os terroristas que se escondiam lá", afirmou a televisão.


O canal al-Mayadeen, com sede em Beirute e que apoia o regime de Bashar al-Assad, exibiu imagens de combatentes do regime no interior da fortaleza, hasteando a bandeira síria.

Localizada no alto de uma colina, a fortaleza foi construída em 1031 pela dinastia abássida, mas foi Tancredo, regente da Antióquia, que a conquistou em 1110 e instalou uma guarnição durante a Primeira Cruzada.

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Em 1142, o castelo foi confiado à Ordem dos Hospitalários, que construiu várias instalações de defesa. Foi também nessa época que recebeu o nome de Krak dos Cavaleiros.

O líder muçulmano Saladino, apesar de suas vitórias contra os cruzados, nunca conseguiu se apoderar do forte até que, em 1271, isso foi realizado pelos mamelucos.

Em julho de 2011, poucos meses após o início da revolta contra o presidente Assad, os habitantes sunitas da cidade de Hosn ocuparam a fortaleza, tendo sido posteriormente expulsos pelos insurgentes, principalmente do Líbano. Além dos salafistas da Jund al-Cham, a construção também era utilizada pelos jihadistas da Frente Al-Nosra.

"O Krak dos Cavaleiros e a região foram libertados dos homens armados que vinham da Síria, do Líbano e de outros países. Estrategicamente, isso quer dizer que a rota de abastecimento que começava em Wadi Khaled, no Líbano, na direção de Homs, ficou cortada e acabamos com a infiltração dos terroristas", declarou um coronel ao canal Al-Mayadeen.

"Agora, é possível nos concentrarmos em outras partes da província" de Homs, acrescentou.

Esta conquista é a última de uma série de vitórias do regime na região montanhosa de Qalamoun, no centro do país, com destaque para a tomada de Yabroud no domingo e de Ras al-A;n na quarta-feira. Ela deve bloquear, teoricamente, todos os acessos ao Líbano, a retaguarda dos insurgentes.

Um chefe das Forças de Defesa Nacional (FDN) indicou que 40 rebeldes foram mortos tentando fugir.

Entre os mortos está um chefe islamita libanês, Khaled Mahmoud al-Dandachi, conhecido como Abu Sleimane al-Mohajer.

Uma fonte da segurança libanesa falou em 60 feridos, civis e combatentes, pelos bombardeios da artilharia síria.

"Os civis estavam fugindo de Al-Hosn há três dias. Cerca de 300 pessoas conseguiram atravessar a fronteira libanesa", indicou à AFP Khaled Hussein, um morador do vilarejo libanês de Wadi Khaled.

- Centenas de curdos fogem -


Mais ao norte, na província de Raqa, quase 600 curdos fugiram de suas casas após um ultimato dado pelo Estado Islâmico do Iraque no Levante (EIIL), o grupo jihadista mais radical ativo no país, segundo o Observatório dos Direitos Humanos (OSDH).

[SAIBAMAIS]O EIIL, com forte presença em Raqa, chegou a libertar curdos que estavam detidos com a condição que deixassem a província, segundo o OSDH, que indicou que mais de 500 curdos encontraram refúgio na Turquia.

Mais a leste, um comboio de ajuda humanitária organizado por várias agências humanitárias das Nações Unidas atravessou o posto de Nosaybi, na fronteira da Síria com a Turquia, com destino à cidade de Qamichli, anunciou a ONU.

Esse comboio, destinado à "centenas de milhares de pessoas que precisam desesperadamente de ajuda no norte" é o primeiro conduzido pela ONU através da Turquia desde o início do conflito na Síria.

Além disso, a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) anunciou que o regime sírio havia retirado de seu território mais da metade de seu arsenal químico.

Em 30 de junho de 2014, a Síria deverá ter eliminado todas as suas armas químicas, conforme um acordo elaborado por russos e americanos concluído em setembro que evitou uma ofensiva americana em represália a um ataque químico perto de Damasco.