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EUA e Europa punem a Rússia, que responde com sanções contra autoridades

Obama também ameaçou punir "setores-chave" da economia russa, em represália à anexação da Crimeia, se Moscou não mudar de comportamento

Agência France-Presse
postado em 20/03/2014 20:06
Kiev - As potências mundiais deram nesta quinta-feira um novo passo em meio à crise na Crimeia com o anúncio por parte da União Europeia e dos Estados Unidos de novas medidas de punição contra Moscou, que respondeu com sanções contra autoridades americanas.

O presidente americano, Barack Obama, divulgou as novas medidas contra altos funcionários russos, ampliando, com isso, a lista de 11 personalidades punidas na segunda-feira com outras 20 pessoas, entre eles "o banqueiro de (o presidente russo, Vladimir) Putin", o magnata Yuri Kovaltchuk, principal acionista do banco Rossiya.

Já os líderes da União Europeia (UE) iniciaram uma cúpula nesta quinta-feira com a decisão de ampliar a lista de 21 autoridades que vão ter os bens congelados e ficarão proibidas de viajar para a UE. Mas essas sanções não afetam diretamente o Kremlin.



Na Ucrânia, a tensão continuou aumentando. O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, afirmou que o país responderá "militarmente" a qualquer tentativa russa de anexar as regiões do leste. Moscou respondeu que não pretende atacá-las.

Em Sebastopol, cidade portuária da Crimeia e base da frota russa no Mar Negro, homens armados tomaram uma corveta ucraniana, em uma ação que o Ministério da Defensa da Ucrânia classificou como um "ataque".

- A cada ato hostil, uma resposta -
"A Rússia deve saber que uma escalada só a isola mais da comunidade internacional", declarou Obama, garantindo o apoio dos Estados Unidos aos países da Otan.

Obama também ameaçou punir "setores-chave" da economia russa, em represália à anexação da Crimeia, se Moscou não mudar de comportamento.

No entanto, Obama afirmou também que "a diplomacia segue seu curso" entre Estados Unidos e Rússia, e que Moscou ainda pode resolver a crise com uma "solução diplomática".

O secretário de Estado americano, John Kerry, pode se reunir com seu homólogo russo, Serguei Lavrov, em Haia durante uma cúpula sobre segurança nuclear. Obama pediu que seus colegas do G7 compareçam ao encontro na segunda e na terça-feira.

Mas em uma conversa por telefone nesta quinta, Lavrov já anunciou a Kerry que a Rússia "não vai reconsiderar" a anexação da Crimeia, que "deve ser respeitada".

A reação da Rússia não se fez esperar. Moscou publicou uma lista de sanções contra três assessores de Obama e vários parlamentares americanos, entre eles John McCain.

"A cada ato hostil, responderemos de modo adequado", indicou o ministério das Relações Exteriores russo em um comunicado. Nove pessoas fazem parte da lista publicada.

Já o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse ao presidente russo, Vladimir Putin, que está "muito preocupado" com a crise, durante uma visita relâmpago a Moscou.

Ban Ki-moon também pediu que observadores das Nações Unidas e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) sejam enviados à Ucrânia e que haja um "diálogo honesto e construtivo" entre Moscou e Kiev.

Putin se limitou a saudar "os esforços (da ONU) para resolver crises em todo o mundo".

- Europa eleva o tom -
Na Europa, os 28 países membros decidiram também ampliar sua segunda fase de sanções progressivas aprovadas em 6 de março. A primeira foi uma medida simbólica na qual suspenderam as negociações para facilitar o fornecimento de vistos, uma discussão que já estava em ponto morto há algum tempo.

Na segunda fase, decidiram congelar bens e proibir vistos de personalidades ligadas diretamente à organização do referendo no qual os crimeios se pronunciaram pela separação da Ucrânia.

Segundo uma fonte diplomática, os europeus podem adicionar cerca de dez pessoas a essa lista, "todas russas", incluindo o vice-primeiro-ministro Dimitri Rogozin, assim como assessores de Putin.

A terceira fase, que ainda não foi ativada, consistiria em sanções econômicas e financeiras contra Moscou. Os mandatários chegaram a Bruxelas com a ideia de estudá-las "se houver ameaças".

- Ucrânia responderá militarmente -
Na Ucrânia, a tensão persiste. O primeiro-ministro Yatseniuk advertiu "oficialmente" que Kiev "responderá com firmeza, inclusive com meios militares, a qualquer tentativa de ocupar a Ucrânia, de avançar tropas através da fronteira ou de anexar as regiões do leste e outras".

[SAIBAMAIS]O ministro da Defesa, Serguei Choigu, assegurou a seu homólogo americano Chuck Hagel que a Rússia não vai invadir o leste da Ucrânia de língua russa, indicou o Pentágono.

Mas, no porto de Sebastopol, um grupo de homens armados abordou a corveta ucraniana "Ternopil", usando bombas de efeito moral.

O porta-voz do Ministério da Defesa ucraniano na Crimeia indicou que "durante o ataque foram ouvidas rajadas de armas automáticas" e acrescentou que não tinha conhecimento da situação da tripulação da corveta. Ele também explicou que milícias pró-russas e soldados russos tinham bloqueado o acesso à área.

As autoridades ucranianas preparam um plano de retirada dos militares mobilizados na Crimeia - mais de 20.000- e de suas famílias.

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