Agência France-Presse
postado em 21/03/2014 09:23
Bruxelas - Os líderes da União Europeia (UE) assinaram nesta sexta-feira (21/3) com o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, o capítulo político de um acordo de associação, o mesmo que provocou a atual crise entre a Rússia e as potências ocidentais. "É um momento importante", indicou no Twitter o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy. "Simboliza a importância das relações e as levará mais longe", acrescentou. A UE, no entanto, já advertiu que este acordo não significa que a Ucrânia, que nesta semana abandonou a Comunidade de Estados Independentes (CEI, herdeira da URSS), vá se incorporar no médio prazo ao bloco.[SAIBAMAIS]Com este gesto político com um governo interino, os 28 membros da UE manifestam seu apoio à Ucrânia, que vacila diante de seu vizinho, que acaba de anexar um território que até então pertencia a Kiev. O acordo foi assinado no segundo e último dia da cúpula de chefes de Estado e de governo da UE, que decidiu na quinta-feira aplicar medidas punitivas contra outras 12 personalidades russas vinculadas ao referendo de secessão da península autônoma ucraniana da Crimeia e a sua anexação à Rússia. Com a assinatura do capítulo político deste acordo, a UE espera enviar "um sinal concreto da solidariedade europeia com a Ucrânia".
Os europeus esperam poder assinar os outros capítulos deste acordo de 1.200 páginas, essencialmente as disposições comercial, econômica, financeira e judicial, antes do fim do ano. O acordo de associação UE-Ucrânia é o mesmo que o presidente ucraniano destituído Viktor Yanukovytch se recusou a assinar em novembro, o que provocou uma onda de protestos que conduziram à crise atual.
A UE prometeu no dia 5 de março um pacote de ajuda de 11 bilhões de euros às novas autoridades da Ucrânia, com um prévio acordo entre Kiev e o Fundo Monetário Internacional (FMI). A assinatura do capítulo político desta sexta-feira pode desbloquear 1,6 bilhão deste pacote, embora também esteja condicionado às exigências impostas pelo FMI. Antes mesmo da assinatura, no entanto, a UE já aprovou neste mês uma série de vantagens comerciais avaliadas em 500 milhões.
Yanukovytch estava prestes a assinar este acordo de associação com Bruxelas no fim de novembro, mas mudou de opinião no último minuto e optou, por sua vez, em estreitar os laços com Moscou, o que desencadeou protestos que levaram a sua destituição em fevereiro. A assinatura do acordo ocorre cinco dias após o referendo mediante o qual os habitantes da península autônoma pró-russa da Crimeia decidiram por esmagadora maioria se separar da Ucrânia para se integrar à Rússia.