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Ucrânia recebe apoio de Alemanha e Canadá em meio a mais invasões de bases

Forças armadas apoiadas por veículos blindados entraram na base aérea de Belbek, perto de Sebastopol

Agência France-Presse
postado em 22/03/2014 13:04

Forças armadas apoiadas por veículos blindados entraram na base aérea de Belbek, perto de Sebastopol

Kiev - A Ucrânia recebeu neste sábado o chefe da diplomacia alemã e o primeiro-ministro canadense, que foram manifestar apoio, enquanto as forças pró-russas continuavam desalojando os soldados ucranianos de suas bases na Crimeia.

O ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, denunciou como uma "tentativa de dividir a Europa" o referendo na Crimeia que levou à anexação da península por parte da Rússia. "Não podemos aceitar estas circunstâncias e não podemos permitir que se repita o derramamento de sangue", disse o ministro à imprensa ao término de uma entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk.

A Ucrânia tem diante de si "um caminho longo e difícil", acrescentou. Os dois discutiram uma eventual ajuda técnica que a Alemanha pode fornecer às Forças Armadas ucranianas, indicou Yatseniuk.


[SAIBAMAIS]O primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, que governa um país com grande comunidade ucraniana, deve se reunir depois com os líderes do governo interino. Enquanto isso, a tensão começa a aumentar durante a tomada de instalações militares por grupos favoráveis a Moscou.

No momento mais tenso registrado desde o início das ocupações, forças armadas apoiadas por veículos blindados entraram na base aérea de Belbek, perto de Sebastopol, e atiraram para o alto com armas automáticas, constatou uma jornalista da AFP.

Um veículo blindado forçou a entrada da base e um homem chegou a apontar sua arma para soldados ucranianos. Uma ambulância estava no local.

Em Novofedorivka, no oeste da Crimeia, cerca de duzentos homens desarmados invadiram outra base aérea, constataram os jornalistas da AFP.

Os invasores entraram na base e quebraram janelas, enquanto os militares ucranianos se mantinham entrincheirados nos prédios, jogando bombas de gás lacrimogêneo nos invasores.

As pessoas gritavam "Rússia, Rússia". Fora da base, oficiais russos observavam sem intervir, enquanto os agressores baixavam a bandeira ucraniana e hasteavam a da Marinha russa.

Na capital da nova república russa, Sebastopol, um submarino chamado de Zaporijia também ganhou a mesma bandeira, de Santo André, uma cruz azul com fundo branco.

"O submarino Zaporijia foi transferido há uma hora para a divisão de submarinos da Frota do Mar Negro russa", declarou o porta-voz militar, Vyacheslav Trujachyov, à AFP.

O submarino era o único da força naval ucraniana na região da Crimeia. Diante das frequentes humilhações, o Ministério ucraniano da Defesa garantiu neste sábado que os soldados provenientes da Crimeia não serão tratados como desertores, e sim como "verdadeiros heróis".

"Nenhum soldado da Crimeia -patriotas que não traíram seu juramento de fidelidade à nação ucraniana- será esquecido", indicou o ministério, indicando que quer combater a desinformação a respeito desse tema "divulgada ativamente pelos serviços especiais russos".

Essa campanha parece ter algum êxito entre os militares ucranianos. Um marinheiro reconheceu em declarações à AFP que temia represálias se voltasse para a Ucrânia.

Kiev também enfrenta uma agitação separatista pró-russa no leste da Ucrânia. Uma nova manifestação foi organizada em Donetsk, maior cidade industrial da região, com a participação de cerca de 3.000 pessoas, constatou uma jornalista da AFP.

Donetsk deve receber uma visita do ministro das Relações Exteriores da Alemanha neste sábado.

Na segunda, os chefes de Estado das grandes potências do G7, entre elas Alemanha e Canadá, realizarão uma cúpula em Haia, na Holanda, para discutir a situação na Ucrânia. O encontro foi convocado por iniciativa do presidente americano, Barack Obama.

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