Agência France-Presse
postado em 22/03/2014 17:25
No leste de Caracas, uma multidão estimada em 5.000 pessoas marchou de cinco pontos da cidade para se concentrar em um grande protesto opositor, no qual abundavam as bandeiras da Venezuela, de partidos políticos e cartazes de denúncia. "Pela liberdade, dê um basta à ditadura", dizia uma faixa à frente de uma das colunas, que partiu por volta do meio-dia, sob um sol inclemente na capital.
A manifestação ocorre depois que, na semana passada, foram detidos os prefeitos de San Cristóbal (oeste do país), Daniel Ceballos, e San Diego (norte), Enzo Scarano, acusados de permitir bloqueios rodoviários durante os protestos. Na tarde de quarta-feira, Scarano foi destituído e sentenciado pela Suprema Corte a 10 anos de prisão, enquanto Ceballos deverá se apresentar à justiça na próxima semana.
Os dois estão presos na penitenciária militar de Ramo Verde, subúrbio de Caracas, onde está detido desde 18 de fevereiro Leopoldo López, dirigente da Voluntad Popular, acusado de incitar a violência durante as manifestações. "A repressão vai continuar, agora Ramón Muchacho está ameaçado", comentou à AFP Arturo García, um relações públicas de 41 anos, ao se referir ao prefeito do município de Chacao (leste de Caracas, opositor), a quem o presidente Nicolás Maduro também acusou de permitir bloqueios da oposição.
No centro de Caracas, uma multidão de simpatizantes do chavismo, a maioria estudantes, protestou em apoio ao governo e em repúdio a ataques de parte dos radicais contra a Universidade Experimental as Forças Armadas. "Saímos a protestar contra o fascismo, a dizer basta a estas ;guarimbas; (bloqueios rodoviários) assassinas", clamou um manifestante chavista durante o protesto, que contou com a cobertura da TV estatal.
Desde 4 de fevereiro, a Venezuela é sacudida por protestos da oposição contra a insegurança, a inflação de 57%, a escassez de alimentos e produtos básicos, a repressão policial e a detenção de opositores. Os protestos, que deixam 31 mortos e centenas de feridos e presos, foram iniciadas por estudantes de San Cristóbal, após tentativa de estupro contra uma estudante.