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Moeda russa entra em circulação na Crimeia, mas não chega às lojas

Os bancos e o comércio seguem funcionando quase exclusivamente na moeda ucraniana, em vigor até o início de 2016

Agência France-Presse
postado em 24/03/2014 10:22
Simferopol - As autoridades da Crimeia anunciaram nesta segunda-feira (24/3) a colocação em circulação do rublo na península da Crimeia, recentemente incorporada à Rússia, embora bancos e lojas sigam funcionando quase exclusivamente na moeda ucraniana. "A partir deste dia é possível realizar oficialmente pagamentos em rublos. A grivna (moeda ucraniana) segue em vigor até 1 de janeiro de 2016", indicou o primeiro-ministro do território, Serguei Axionov, em sua conta no Twitter.

Mulheres conversam em frente a escritório de moeda de troca em Sevastopol
Seu número dois, Rustam Temirgaliev, citado pela agência russa Ria Novosti, indicou que o pagamento de aposentadorias em rublos começava nesta segunda-feira, com uma soma total colocada a disposição de 300 milhões de rublos (seis milhões de euros). A lei sobre a incorporação da Crimeia na Federação da Rússia foi adotada na semana passada pelo Parlamento russo, após um referendo na península.

No entanto, lojas e bancos locais seguem no momento funcionando principalmente em grivnas. A moeda ucraniana caía nesta segunda-feira e voltava aos seus níveis de fim de fevereiro, num momento em que o governo de Kiev intensifica suas negociações de urgência com o FMI para evitar a quebra.



[SAIBAMAIS]A moeda nacional caía 2,3%, a 10,80 grivnas por dólar no mercado de câmbios. No interbancário, eram vendidas 11,2 grivnas por dólar, segundo a sociedade financeira Inter Business Consulting. A grivna, que perdeu um quarto de seu valor desde o início do ano, já havia caído a estes níveis em fevereiro após os confrontos que deixaram dezenas de mortos em Kiev e que levaram à fuga para Moscou do presidente ucraniano Viktor Yanukovytch.

Posteriormente a moeda ucraniana se recuperou, mas voltou a cair fortemente nos últimos dias, após a incorporação da península da Crimeia à Rússia, e pelos temores de uma intervenção russa na Ucrânia continental. Isso também ocorre em plena negociação do governo de transição ucraniano com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para obter uma ajuda crucial.

Uma missão do FMI encontra-se desde 4 de março na Ucrânia, que pede ao menos 15 bilhões de dólares para evitar a quebra. Em troca, o FMI exige de Kiev medidas de austeridade, em particular uma redução dos subsídios aos preços de gás para a população, que representam 7% do PIB do país e beneficiam os mais ricos, os maiores consumidores, segundo o Fundo.

O jornal ucraniano Visti afirmava que as negociações tropeçam principalmente neste tema, muito sensível para a população. A Rússia cedeu a Crimeia à Ucrânia em 1954, quando as duas repúblicas formavam parte da URSS. A península tem dois milhões de habitantes, em sua grande maioria de língua russa.

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