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Mujica nega que decisão de abrigar presos de Guantánamo esteja condicionada

Segundo o presidente uruguaio, os presos de Guantánamo que chegarão ao Uruguai são quatro sírios e um palestino, na qualidade de refugiados

Agência France-Presse
postado em 24/03/2014 11:56
Montevidéu - O presidente uruguaio, José Mujica, declarou nesta segunda-feira (24/3) que a decisão de receber presos de Guantánamo no Uruguai já está tomada e negou que dependa do pedido que fez a Washington para que liberte três presos cubanos condenados nos Estados Unidos por espionagem. Mujica disse ainda que foi convidado a se reunir com seu colega americano Barack Obama no dia 12 de maio, mas que provavelmente não poderá comparecer devido ao debate eleitoral no Uruguai, que realiza eleições nacionais em outubro.

"Eu nunca impus nenhuma condição de nada", indicou na entrevista com a rádio El Espectador Mujica, que na semana passada, ao anunciar sua decisão de que o Uruguai receberá cinco presos de Guantánamo, havia indicado que ia passar o recibo aos Estados Unidos. "Passar o recibo significa entregar uma fatura. Significa que pagarão ou não", explicou nesta segunda-feira Mujica. "O que queria dizer? A decisão estava tomada, não condicionada. Mas em algum momento podemos dizer ao governo americano, de uma posição moral: ;Por favor, tentem melhorar a relação com Cuba;".



Segundo o presidente uruguaio, isso envolve libertar os presos cubanos, mas também o fim do bloqueio à ilha caribenha. Mujica indicou que os presos de Guantánamo que chegarão ao Uruguai são quatro sírios e um palestino, na qualidade de refugiados, e que eles não terão seus movimentos limitados. Admitiu que o marco jurídico para este tipo de acordo "não cabe em nenhum parâmetro institucional".

"Reconhecer Guantánamo seria uma traição do ponto de vista jurídico, tudo isso tem grandes dificuldades, mas a grande pergunta é se vale a pena ou não", disse. Mujica revelou que recebeu o pedido dos Estados Unidos há quatro meses. "Chegamos à conclusão de que valia a pena pelo que está em jogo", indicou. "Além disso, Suíça, Espanha, Eslováquia, Portugal, Irlanda, Hungria, Alemanha, França, Bulgária, outros países e deixo alguns latino-americanos que não quero citar, receberam gente nestas condições. A esta altura voltaram a Afeganistão, Argélia, Canadá, Chade, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Somália, Sudão, Iêmen prisioneiros que tinham esta origem", disse Mujica.

O presidente paraguaio também confirmou que tem um encontro marcado com Obama no dia 12 de maio, mas que há 80% de probabilidades de que não viaje. "Tenho data para ver o presidente Obama e é provável que não vá porque o Uruguai está em um momento eleitoral e tudo é utilizado, e é provável que não seja conveniente", sustentou. A visita oficial de Mujica aos Estados Unidos estava prevista para o ano passado, mas foi adiada por questões de agenda.

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