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Sérvia lembra o 15º aniversário do início dos bombardeios da Otan

No jardim de um dos edifícios da Rádio Televisão da Sérvia, em Belgrado, uma praça foi inaugurada em memória das dezesseis pessoas mortas no bombardeio do prédio da televisão estatal sérvia

Agência France-Presse
postado em 24/03/2014 13:11

Belgrado - A Sérvia lembra com muitas cerimônias nesta segunda-feira (24/3) o 15; aniversário do início dos bombardeios de seu território pela Otan, lançados para forçar o fim da repressão contra os separatistas e os civis albaneses do Kosovo. "Uma nação que esquece suas vítimas e sua história está condenada a reviver esta história. A Sérvia hoje lidera uma política pacífica para resolver seus problemas", declarou o primeiro-ministro sérvio Ivica Dacic.

Dacic depositou uma coroa de flores no monumento em homenagem aos defensores da Sérvia, o Monte Strazevica, perto de Belgrado, onde está localizado um centro de comando do exército que foi alvo de aviação da Otan. Ele chamou de "inocentes" todas as vítimas sérvias do conflito - militares, policiais ou civis - já que a intervenção da Otan não foi aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU.

No jardim de um dos edifícios da Rádio Televisão da Sérvia (RTS) em Belgrado, uma praça foi inaugurada em memória das dezesseis pessoas mortas no bombardeio do prédio da televisão estatal sérvia. Uma missa em memória de todas as vítimas dos ataques da Otan foi celebrada na igreja de São Marcos, no centro da capital.

Nas escolas de todo o país, uma aula de história foi dedicada ao aniversário do início da "agressão" contra a Sérvia. O presidente Tomislav Nikolic visitou, por sua vez, a cidade de Varvarin (centro), onde um ataque a uma ponte matou dez civis. "Nós não recebemos qualquer desculpa sincera pelo bombardeio implacável de uma ponte onde havia civis", disse Nikolic.



A Otan iniciou sua operação em 24 de março de 1999, após a recusa do presidente sérvio Slobodan Milosevic em acabar com a repressão contra a guerrilha independentistas do Kosovo. A intervenção terminou após 78 dias com a retirada das forças sérvias de Kosovo, que foi colocado sob a administração da ONU. Segundo dados oficiais de Belgrado, cerca de 2.500 civis sérvios foram mortos e 12.500 ficaram feridos durante as onze semanas de bombardeios.

Em 2006, a Sérvia aderiu à Parceria para a Paz, um programa de cooperação militar proposto pela OTAN aos países do Leste Europeu, mas declarou que não tem a intenção de se juntar ao bloco. Em Pristina, o premiê kosovar Hashim Thaci afirmou que a data do início dos bombardeamentos da Otan representava "o dia do início de uma grande vitória para a República do Kosovo, um dia histórico para o nosso povo".

Além disso, as autoridades do Kosovo anunciaram nesta segunda-feira que os corpos de 46 vítimas do conflito no Kosovo (1998-1999) encontrados em valas comuns na Sérvia em 2002 e 2003, e identificados, foram entregues às suas famílias. Quinze anos depois, a Sérvia e o Kosovo caminham em direção a uma integração com a Europa, tendo concluído em abril de 2013 um acordo histórico sobre a normalização das suas relações, sob os auspícios de Bruxelas.

Embora a Sérvia se recuse a reconhecer a independência de sua ex-província proclamada em 2008, o seu desejo de melhorar as relações com o território habitado predominantemente por albaneses ajudou a abrir as negociações de adesão à UE. Kosovo, por sua vez, lançou negociações para um acordo de associação e estabilização, o primeiro passo para a aproximação com a UE. A independência do Kosovo foi reconhecida por uma centena de países, incluindo os Estados Unidos e 23 dos 28 membros da UE.

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