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Líderes árabes defendem solução política em conflito da Síria

Segundo os representantes dos 22 membros da Liga Árabe, esta declaração deve permitir "uma transição política para a reconstrução do Estado

Cidade do Kuwait - Os líderes árabes, divididos e impotentes diante do conflito sírio, defenderam nesta quarta-feira (26/3) uma solução política, jogando um balde de água fria na oposição, que pediu armas sofisticadas em sua guerra contra o regime. Ao término de uma cúpula de dois dias no Kuwait, os líderes árabes se mostraram unidos ao rejeitar o reconhecimento de Israel como "Estado judeu", apoiando a posição palestina frente a esta demanda formulada por Israel nas negociações de paz.



O governo e a oposição da Síria mantiveram negociações no início do ano na Suíça, nas chamadas negociações de Genebra II, que concluíram sem nenhum avanço. Diante deste bloqueio da via diplomática, a cúpula do Kuwait convidou o Conselho de Segurança da ONU a "assumir suas responsabilidades" e pediu ao secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, e ao mediador internacional, Lakhdar Brahimi, que trabalhem para encontrar uma solução negociada à disputa síria.

Apoio aos palestinos

Na questão palestina, uma das principais da cúpula, os líderes árabes proclamaram sua "rejeição total e categórica ao reconhecimento de Israel como um Estado judeu". Esta é uma condição levantada pelo governo de Benjamin Netanyahu para prosseguir com as negociações de paz entre israelenses e palestinos apadrinhadas pelos Estados Unidos. Mas o presidente palestino, Mahmud Abbas, insistiu que nunca cederá a esta exigência.

Netanyahu exige o reconhecimento do caráter judeu do Estado de Israel porque, segundo ele, a raiz do conflito entre os dois povos está no fato de os árabes serem contra um Estado judeu, e não pela ocupação dos Territórios Palestinos desde 1967. Os líderes palestinos se negam a este reconhecimento porque consideram que equivaleria a negar o "direito ao retorno" dos palestinos que se exilaram em 1948 quando o Estado de Israel foi criado.

Os palestinos afirmam que reconhecem Israel desde 1993, quando foram assinados os acordos de Oslo, e que esta exigência nunca foi feita ao Egito ou à Jordânia, os dois países árabes que assinaram tratados de paz com o Estado hebreu. Os líderes árabes também prometeram uma ajuda financeira mensal de 100 milhões de dólares à Autoridade Palestina, atualmente em apuros. A próxima cúpula anual da Liga Árabe será realizada no Cairo em março de 2015.