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Deputada destituída volta a Caracas em meio a ofensiva judicial chavista

O poder legislativo venezuelano a acusou da violência política do último um mês e meio e depois a destituiu do cargo

Agência France-Presse
postado em 26/03/2014 15:47
María Corina Machado foi uma das deputadas mais votadas em 2010
A deputada venezuelana María Corina Machado, suspensa de seu cargo pela Assembleia Nacional depois de participar como representante do Panamá de uma reunião da OEA, retorna nesta quarta-feira a Caracas em plena ofensiva judicial do chavismo contra a oposição.

María Corina, uma engenheira de 46 anos que nas legislativas de 2010 foi uma das deputadas mais votadas, retorna em um voo de Lima e convocou para a tarde desta quarta-feira (26/3) seus simpatizantes a uma praça do leste de Caracas para responder ao Legislativo, que primeiro a acusou da violência política do último um mês e meio na Venezuela e depois a destituiu do cargo.

"A ira provocada pelo regime, que está perdido, leva a cometer graves erros. Cada novo atropelo confirma ao mundo que há ditadura na Venezuela", escreveu no Twitter a deputada, que, segundo o presidente do Legislativo e número dois do chavismo, Diosdado Cabello, perdeu sua imunidade parlamentar e pode ser detida pela Justiça.

"Não temos informação de alguma ordem de detenção contra a deputada", informou à AFP um de seus advogados, José Amalio Graterol.


A convocação foi marcada para a Praça Brión, palco há mais de um mês do grande ato de entrega à Justiça de Leopoldo López, máximo expoente da oposição radical, acusada pelo chavismo de fomentar a violência nos protestos vividos pelo país desde 4 de fevereiro, com um saldo de ao menos 34 mortos e mais de 400 detidos.

López, um jovem economista educado em Harvard que agora passa seus dias em uma pequena cela de uma prisão militar nos arredores de Caracas, e Machado são os principais impulsionadores da "Saída", a tática que promove forçar a saída constitucional do jovem governo de Nicolás Maduro com protestos nas ruas contra a insegurança e as galopantes inflação e escassez no país que tem as maiores reservas de petróleo do mundo.

Iniciados por estudantes em San Cristóbal (oeste) no dia 4 de fevereiro e estendidos a todo o país, semeando o caos e a violência em vários pontos, os protestos foram perdendo força nas últimas semanas, embora ainda existam alguns focos com episódios esporádicos de violência que aumentam cada vez mais o número de falecidos.

Maduro considera que os protestos são um "Golpe de Estado em desenvolvimento" orquestrado pela oposição em aliança com a ultradireita dos Estados Unidos e da Colômbia, uma acusação que reiterou várias vezes em seus quase doze meses de governo.

Ex-chanceler conciliador

Conhecido por sua natureza conciliatória quando era chanceler durante o governo do falecido líder Hugo Chávez, Maduro respondeu em parte com firmeza aos protestos: López e os prefeitos presos, dezenas de estudantes detidos e 60 investigações por abusos policiais.

Na terça-feira, anunciou a detenção de três generais da Força Aérea que, segundo ele, pretendiam "se rebelar contra o governo legitimamente constituído" e os acusou de ter vínculos com a oposição.

As identidades dos três generais detidos não foram divulgadas pelo governo ou pelas Forças Armadas do país, que insistiram em um comunicado divulgado nesta quarta-feira em sua unidade "monolítica".

[SAIBAMAIS]"Foi apresentada uma situação com três (03) oficiais generais, e imediatamente depois de ser detectada foram tomadas ações (...) de acordo com as instruções do Comandante em Chefe Nicolás Maduro", afirma a nota oficial do alto comando das Forças Armadas.

Mas apesar das detenções, o comunicado garante que "as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas permanecem monolíticas" e mantêm a "convicção democrática".

Por outro lado, o presidente convoca há semanas estudantes e líderes opositores a se somarem "à conferência nacional de paz" iniciada com vários setores da sociedade.

Mas os estudantes e a grande maioria dos opositores se negam a participar até que, entre outras coisas, o governo liberte os detidos.

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