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Comandante do Exército egípcio anuncia candidatura à presidência

Abdel Fatah al-Sisi é considerado o favorito nas eleições

Agência France-Presse
postado em 26/03/2014 17:21
Simpatizantes carregam cartazes com foto de candidato pelas ruas
O atual ministro da Defesa do Egito, comandante do Exército e homem forte do país, marechal Abdel Fatah al-Sissi, anunciou nesta quarta-feira à noite, durante um discurso à Nação, que se candidatará à presidência nas próximas eleições.

Al-Sissi deixou suas funções no Exército e no governo interino para se apresentar como candidato.

"Estou diante de vocês pela última vez com um uniforme militar, após decidir abandonar minhas funções de ministro e chefe do Exército", disse Al-Sissi, anunciando que "me apresento à presidência do Egito".

No discurso transmitido pela TV, Al-Sissi também prometeu "continuar lutando, todos os dias, para libertar o Egito do terrorismo". Considerado o grande favorito nas eleições, previstas para os próximos meses, Al-Sissi foi quem arquitetou a destituição, em 3 de julho do ano passado, do presidente islâmico Mohamed Morsy.

Desde então, as forças de segurança mataram mais de 1,4 mil pessoas, em sua grande maioria manifestantes favoráveis a Morsy, segundo a organização Anistia Internacional. Na segunda-feira, a Justiça egípcia condenou 529 pessoas à pena de morte - incluindo 366 foragidos - por ações terroristas desde a queda de Mursi. O julgamento durou dois dias.

Na terça, outros 683 partidários de Morsy começaram a ser julgados, entre eles Mohamed Badie, o guia supremo da Irmandade Muçulmana, a influente confraria à qual pertence o presidente deposto e declarada "organização terrorista" pelas novas autoridades egípcias.

Um dos líderes da Irmandade Muçulmana disse à AFP que "não haverá estabilidade" na presidência do general Abdel Fattah al-Sissi. "Não pode haver estabilidade, ou segurança, sob uma presidência Al-Sissi", declarou Ibrahim Mounir, membro do Escritório político da Irmandade Muçulmana.

Assistentes de Al-Sissi já haviam informado que ele pretendia participar da eleição presidencial. Com crescente popularidade, ele é comparado, por seus simpatizantes, ao carismático líder egípcio Gamal Abdel Nasser, que se tornou, nos anos 1950-60, promotor do pan-arabismo e do Movimento dos Não-Alinhados.

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Além da popularidade, o marechal Al-Sissi e o também militar Nasser têm outro ponto em comum: a sangrenta repressão realizada contra a Irmandade Muçulmana. Diferentemente de Nasser, em seus raros discursos, Al-Sissi fala em árabe egípcio, no lugar do árabe clássico.

Al-Sissi, de 59 anos, entrou no governo durante a presidência de Mursi, em agosto de 2012. Sua designação alimentou as especulações sobre a lealdade da instituição militar aos novos dirigentes islâmicos, aos quais era hostil anteriormente.

Dias antes de derrubá-lo e prendê-lo em 3 de julho, os militares lançaram um ultimato ao presidente Mursi para responder - alegavam - ao desejo dos milhões de manifestantes que tomaram as ruas pedindo sua saída.

Frente ao clamor popular gerado por Al-Sissi, muitos pesos-pesados da classe política anunciaram que não pretendem se apresentar, se o militar for candidato. Entre eles, estão o ex-secretário-geral da Liga Árabe Amr Musa e Hamdin Sabahi, uma figura histórica da esquerda que ficou em terceiro lugar na disputa presidencial de 2012 e que classificou o general de "herói popular".

Já para os partidários de Morsy, que continuam protestando quase que diariamente, "Al-Sissi é um assassino". Nascido no Cairo em 1954, Al-Sissi se formou em Ciências Militares na Academia Militar egípcia, em 1977, antes de estudar em uma academia militar britânica, em 1992. Seguindo os passos de muitos oficiais egípcios, ele também ingressou em uma escola militar americana, em 2006.

Nos Estados Unidos, ele escreveu suas memórias, intituladas "A democracia no Oriente Médio", texto no qual defende o papel do Islã na legislação. Ele tem uma filha e três filhos, que integram o Exército. O mais velho deles é casado com a filha do atual chefe da Inteligência militar.

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