Mundo

FMI anuncia ajuda de 14 a 18 bilhões de dólares para Ucrânia

A ajuda, que tenta salvar o país da quebra em meio a uma grave crise com a Rússia pela Crimeia, será aprovada quando a Ucrânia adotar as medidas solicitadas

Agência France-Presse
postado em 27/03/2014 11:33
Kiev - O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou nesta quinta-feira (27/3) uma ajuda de entre 14 e 18 bilhões de dólares para a Ucrânia, o que eleva a 27 bilhões de dólares a assistência internacional ao país à beira da falência. A ajuda do FMI, que tenta salvar o país da quebra em meio a uma grave crise com a Rússia pela Crimeia, será aprovada quando a Ucrânia adotar as medidas solicitadas em contrapartida, afirmou o chefe da delegação enviada a Kiev, Nikolai Gueorguiev.

Apesar da solidariedade expressa pelos Estados Unidos e a União Europeia (UE) a Kiev após a perda da península autônoma da Crimeia, este importante empréstimo vem acompanhado de rígidas condições que podem provocar protestos no país. O montante definitivo será anunciado no final de abril, após a aprovação pelo governo das medidas de austeridade. Entre as medidas pedidas, o FMI exige um aumento de 50% da tarifa do gás a partir de 1; de maio. Para as empresas, o reajuste será de 40% a partir de 1; de junho.



[SAIBAMAIS]Outra medida polêmica diz respeito ao Banco Central, que deverá deixar de apoiar a hryvnia ucraniana nos mercados. A hryvnia desvalorizou em 25% em relação ao dólar desde o início do ano, a medida que o BC começou a limitar suas intervenções no mercado interno. Com essas medidas, a Ucrânia acertará "as bases de um crescimento estável e duradouro", assegurou Gueorguiev. Ele também citou um aumento necessário da ajuda aos mais desfavorecidos e as reformas destinadas a lutar contra a corrupção.

Sobre a energia, o representante do FMI afirmou que não é possível continuar financiando novas perdas, em referência aos subsídios ao preço do gás praticados na Ucrânia. No que diz respeito às pensões e salários dos funcionários públicos, o governo decidiu anular os aumentos previstos. O Fundo já ajudou a Ucrânia entre 2008 e 2010, mas desta vez as condições são mais duras. A última rodada de negociações aconteceu esta semana entre a delegação do Fundo e do governo liderado pelo primeiro-ministro Arseni Yatseniuk.

A Ucrânia espera ainda uma ajuda europeia, de 1,6 bilhão de euros (2,2 bilhões de dólares), e 1 bilhão de dólares da parte dos Estados Unidos. O Japão também prometeu um empréstimo de 1,5 bilhão de dólares. Analistas acreditam que o Fundo acelerou as negociações porque teme que a Ucrânia declare falência em poucos meses. As reservas das divisas da Ucrânia caíram rapidamente nos últimos anos frente o apoio dado pelo governo pró-russo a sua moeda, e economistas calculam que resta apenas o necessário para cobrir dois meses de importações.

"Passamos de uma política populista para uma política pragmática e estamos conscientes de que não esta política não será apreciada por todos", reconheceu o governador do Banco Central, Stepan Kubiv. "Algumas reformas serão dolorosas", advertiu.

Não temos escolha

O primeiro-ministro não tardou em ir ao Parlamento nesta quinta-feira para apresentar um corte de 10% do quadro ministerial, a venda de terrenos e propriedades, impostos sobre os ricos e a eliminação dos subsídios às empresas de mineração. "Não temos escolha: ou tomamos essas medidas ou a Ucrânia vai à falência", disse Yatseniuk. A Ucrânia escapou por pouco da recessão em 2013, e estima-se que, no melhor dos casos, o PIB poderia cair 3% este ano, enquanto a inflação chegará a até 14%.

Os Estados Unidos elogiaram o anúncio do acordo com o Fundo, como parte de seu apoio diplomático a um país humilhado pela Rússia. O acordo também ocorre a poucas horas de um debate na Assembleia Geral da ONU para aprovar uma resolução simbólica condenando a anexação russa da Crimeia. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, alertou na quarta-feira que o "isolamento" da Rússia será "mais profundo", se o Kremlin "mantiver seu curso atual".

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação