Agência France-Presse
postado em 27/03/2014 20:21
Washington - Os Estados Unidos analisam a adoção de sanções contra a Venezuela diante da ausência de um diálogo profundo e de um "espaço democrático" com a oposição para se resolver a crise no país, revelou nesta quinta-feira a subsecretária de Estado, Roberta Jacobson.
Apesar de considerar o recurso extremo, Jacobson disse que as sanções poderão se tornar uma "ferramenta muito importante" se as possibilidades de diálogo entre governo e oposição forem bloqueadas e não se abrir um "espaço democrático".
"Claro que precisamos pensar nisto e estamos pensando nisto", assinalou a diplomata em videoconferência, destacando que os Estados Unidos avaliam algum tipo de "medida pacífica" que "não inclua uma ação militar".
Washington buscará, em primeiro lugar, compor um esforço interamericano, disse Jacobson, apesar de a proposta dos Estados Unidos para resolver a crise venezuelana ter sido recentemente bloqueada pela maioria dos países da OEA. Há duas semanas, o secretário americano de Estado, John Kerry, já havia advertido para possíveis sanções contra a Venezuela.
Jacobson reafirmou a preocupação do governo americano sobre a situação na Venezuela, onde a onda de protestos contra o governo já deixou 34 mortos, 400 feridos e dezenas de denúncias de violações dos direitos humanos. O governo de Nicolás Maduro deteve e condenou à prisão dois prefeitos opositores e o líder da oposição Leopoldo López, levado há um mês para uma unidade militar. Os três são acusados de incitar os protestos violentos. Maduro também decretou, na terça-feira, a prisão de três generais da Força Aérea acusados de tramar um "golpe de Estado" em meio aos protestos.
Jacobson advertiu sobre a situação dos manifestantes detidos "sem acusação" formal e sobre a deputada María Corina Machado, cassada pela Assembleia Nacional por participar de uma reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA) como "representante alternativa" do Panamá.
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, confirmou nesta quinta que o governo venezuelano "aceitou na noite passada as condições para se iniciar o diálogo" com a oposição. "Foi criado um grupo de três países, três chanceleres (da União das Nações Sul-Americanas), que darão os últimos retoques para que este diálogo ocorra".
"Oxalá que por meio deste diálogo possamos reduzir a tensão na Venezuela, o que deve repercutir favoravelmente na defesa dos direitos humanos", acrescentou o presidente colombiano.